PM anuncia reforço no policiamento na Baixada Santista após morte de menino
A Polícia Militar reforçou o policiamento em toda a Baixada Santista, no litoral de São Paulo, após a morte de um menino de 4 anos, que foi atingido por um tiro na barriga em meio a uma ação policial na noite de terça-feira (5), em Santos.
A vítima é Ryan da Silva Andrade Santos, filho de Leonel Andrade, homem fotografado de muletas e sentado na calçada, uma hora antes de ser morto na Operação Verão, há 9 meses.
O que aconteceu
Reforço dos agentes foi informado pela SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública) nesta quinta-feira (7) e ocorre especialmente na cidade de Santos. Em nota, a pasta informou que o objetivo da ação é identificar e prender criminosos que, segundo a secretaria, atacaram policiais na noite de terça durante patrulhamento de rotina em uma área de tráfico de drogas no Morro de São Bento, onde o menino Ryan foi morto.
PM locais e do policiamento de Choque foram acionados. A SSP não passou mais detalhes da ação.
Criança e adolescente foram mortos
Ryan brincava em uma comunidade de Santos quando foi morto. A mesma ação provocou a morte de Gregory Ribeiro Vasconcelos, de 17 anos.
A Polícia Civil disse que abriu inquérito para apurar a origem do disparo que matou a criança. A SSP disse que fará perícia nas armas apreendidas dos policiais militares envolvidos e no local onde a criança foi baleada. Segundo a PM, sete policiais foram afastados das ruas.
PM disse que fazia patrulhamento quando foi atacada por um grupo de dez suspeitos e revidou disparos. Um adolescente de 15 anos foi baleado na mesma ação e está internado. Moradores contestam a versão da PM e negam o confronto.
A gente estava na rua, as crianças estavam brincando. Quando a polícia começou a atirar, a gente saiu correndo. Quando vi, tinha muito sangue no chão. E era do meu filho, que tinha sido baleado. Estou arrasada, eu perdi um pedaço de mim.
Beatriz da Silva Rosa, mãe de Ryan
A SSP também afirma que houve confronto no dia em que foi morto o pai de Ryan, Leonel Andrade. A família nega, mas a PM sempre afirmou que Leonel atirou contra os policiais. Uma hora antes de ser morto, ele foi fotografado de muletas, sentado na calçada.
Organizações emitem nota após mortes
Organizações para promoção de direitos humanos e segurança pública emitiram nota de repúdio após as mortes. Elas classificaram como "inadmissível" a atuação das forças policiais.
"Este tem sido o resultado cada vez mais comum da atuação violenta e desmedida da PMESP em bairros pobres e nas periferias do estado", diz o comunicado. Segundo os grupos ativistas, as mortes não representam um "incidente isolado", mas uma "consequência de um modo de atuação pautado pelo conflito e uso de força desmedida".
Derrite cita 'vitimismo barato' ao falar sobre morte de criança
O secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite, disse na quarta-feira (6) que as mortes estão sendo usadas como "vitimismo barato". O chefe da pasta foi questionado pela codeputada Paula Nunes (PSOL), da Bancada Feminista, sobre a morte da criança de 4 anos.
Derrite disse que a parlamentar fez "vitimismo barato" com a morte da criança. A fala ocorreu durante uma sessão de prestação de contas do secretário na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) na tarde desta quarta-feira (6).
Lamento que uma deputada estadual faça um vitimismo barato na Assembleia Legislativa, usando a morte de um menino de 4 anos para fazer politicagem. Não vou falar sobre a ocorrência, quem tem que falar sobre a ocorrência é o inquérito da Polícia Militar que foi instaurado.
Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública de São Paulo
Para Derrite, policiais não são culpados pelas mortes. "Lamento profundamente a morte da criança que não tem culpa nenhuma (...) os policiais também não, eles estavam se defendendo de um ataque".
O líder da pasta disse que os tiros aconteceram em um contexto de ataque aos policiais. Segundo Derrite, nove homens atiraram contra agentes que transitavam pela comunidade de Santos e, após isso, houve um revide.