Incidente diplomático após polícia de Israel entrar em igreja da França em Jerusalém
A polícia israelense entrou, nesta quinta-feira (7), no santuário de Eleona, uma igreja de propriedade francesa em Jerusalém, e deteve dois gendarmes franceses, uma ação descrita como "inaceitável" pelo ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot, em visita ao local, informou um repórter da AFP.
"Não entrarei em Eleona hoje, porque as forças de segurança israelenses entraram com armas, sem autorização prévia da França e sem se comprometerem a sair hoje", disse Barrot no local, logo após se reunir com o ministro das Relações Exteriores de Israel.
O ministro francês descreveu a situação como "inaceitável" e sua pasta informou que vai convocar o embaixador de Israel.
"Este atentado contra a integridade de um local cuja gestão está sob a responsabilidade da França pode fragilizar os laços que vim cultivar com Israel em um momento em que todos precisamos fazer a região avançar pelo caminho da paz", acrescentou Barrot.
O local de peregrinação Eleona abriga um mosteiro beneditino e fica no Monte das Oliveiras, em Jerusalém oriental, parte palestina da cidade ocupada e anexada por Israel desde 1967.
Este terreno foi atribuído à França antes da criação do Estado de Israel, em 1948, e é administrado como propriedade privada pelo consulado francês.
"O sítio de Eleona (...) não só pertence à França há mais de 150 anos, mas além disso, a França tem se preocupado muito em garantir sua segurança e sua manutenção", declarou o chanceler francês.
"É preciso respeitar a integridade das quatro áreas pelas quais a França é responsável aqui em Jerusalém", ressaltou em alusão a este local, à Tumba dos Reis, à Basílica de Santa Ana e à igreja de Abu Gosh.
O jornalista da AFP viu a policia cercar os dois gendarmes franceses e depois empurrar um deles no chão.
O gendarme se identificou como segurança e gritou várias vezes: "Não me toque", segundo o correspondente.
Depois, a polícia israelense levou os gendarmes, que foram libertados em seguida.
Não se esclareceu porque a polícia israelense entrou no local de culto.
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