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Dólar fecha praticamente estável com pacote fiscal no radar

São Paulo, 07

07/11/2024 18h33

A expectativa em torno da divulgação e da magnitude do pacote de corte de gastos em gestação no governo Lula dominou as atenções no mercado de câmbio doméstico nesta quinta-feira, 7. Apesar da onda de enfraquecimento da moeda americana em relação a divisas fortes e emergentes, mitigada apenas parcialmente após a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), o real apresentou fôlego bem limitado.

A taxa de câmbio até ensaiou uma queda pela manhã, quando tocou mínima a R$ 5,6343, mas o dólar ganhou força ao longo da tarde, em meio a rumores de que os cortes em estudo no governo seriam inferiores às expectativas do mercado financeiro. Na máxima, a divisa tocou R$ 5,7237.

O ministério da Fazenda veio a campo no meio da tarde para tentar acalmar os ânimos, o que mitigou as pressões sobre o real. "É importante ressaltar que tal informação não corresponde ao que vem sendo debatido entre a equipe econômica, demais ministérios e a Presidência da República", afirmou a pasta, em nota, em referência a estimativas veiculadas de duas medidas fiscais, uma de R$ 15 bilhões, relacionada às áreas de Saúde e Transporte, e outra de R$ 10 bilhões.

Haddad passou o dia em reunião com Lula e os ministros da Casa Civil (Rui Costa), do Planejamento (Simone Tebet) e da Gestão (Ester Dweck) - todos que, junto com o titular da Fazenda, fazem parte da Junta de Execução Orçamentária (JEO). O vice-presidente, Geraldo Alckmin, juntou-se ao grupo à tarde.

Após oscilar ao redor da estabilidade na reta final dos negócios, a divisa fechou praticamente estável, cotada a R$ 5,6753 (-0,01%). Na semana, o dólar recua 3,31%. Pares latino-americanos do real, como os pesos mexicano e chileno, apresentaram hoje ganhos de mais de 1%, depois de terem apanhado ontem.

"O real foi uma das piores moedas hoje, mas ontem foi a que mais se valorizou. De qualquer forma, a moeda está longe do pico visto no dia 1º, quando superou R$ 5,87 na máxima. As conversas no governo para os cortes são um processo que gera muita volatilidade", afirma o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, ressaltando que, além da questão fiscal, as pressões sobre o real no início do mês refletiam também o chamado "Trump Trade", em referência à aposta no dólar contra divisas emergentes.

Termômetro do comportamento da moeda americana em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY operou em queda ao longo do dia, em aparente ajuste após a disparada ontem, na esteira da vitória do republicano Donald Trump na corrida à Casa Branca.

Como esperado, o Federal Reserve anunciou à tarde redução da taxa básica de juros em 25 pontos-base, para a faixa entre 4,50% e 4,75% ao ano. Analistas chamaram a atenção para o comunicado enxuto, com a exclusão do trecho em que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) citava "maior confiança" de convergência da inflação à meta de 2%. Em entrevista após o comunicado, o chairman Jerome Powell reiterou que vai seguir a estratégia de definir novos cortes de juros a cada reunião de política monetária do comitê.

O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, afirma que a alteração nos trechos sobre a inflação no comunicado dá um tom mais cauteloso que o esperado à postura do Fed. "Por enquanto, acredito que essas alterações são consistentes com cortes de juros não consecutivos em 2025, mas elas também seriam consistentes com uma pausa no ciclo de cortes", afirma Borsoi.

Como previsto por analistas ouvidos pelo Broadcast, a decisão de ontem do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, de 10,75% para 11,25%, ficou em segundo plano nos mercados hoje. Mais do que a decisão em si, já amplamente esperada, chamou a atenção o alerta do colegiado do BC de que um plano crível de contenção de despesas, com "medidas estruturais", contribuiria para redução dos prêmios de risco dos ativos domésticos.

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