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Ambulante é agredido por filho de Maguila em frente a casa de show em SP

do UOL

Do UOL, em São Paulo

07/11/2024 18h57

Um vídeo obtido pelo UOL mostra um ambulante sendo agredido por Adenilson Lima dos Santos, filho do ex-pugilista Maguila, que morreu no mês passado, em frente a casa de show Espaço Unimed, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, na noite de quarta-feira (6).

O que aconteceu

Ambulante leva dezenas de socos no rosto de Adenilson. As imagens mostram Osvaldo de Sousa, 41, deitado na rua enquanto o filho de Maguila bate com uma pedra no seu rosto, que está todo ensanguentado.

Outros ambulantes pedem que homem pare de agredi-lo. Mesmo com os apelos, Adenilson continua com as agressões. Osvaldo tenta se defender, mas não consegue se levantar.

O ambulante diz que o agressor trabalha como segurança da casa de show. O Espaço Unimed nega que Adenilson Lima dos Santos seja funcionário do local e diz que todos os contratados do local são uniformizados.

Um outro homem, identificado como 'Carioca', também aparece no vídeo. Segundo os ambulantes que atuam na região, ele também é segurança do local. Nas imagens, é possível ver que o homem observa a cena de Adenilson espancando o ambulante e só tenta contê-lo quando outras pessoas se aproximam.

Agressões tiveram início após Osvaldo tentar se desculpar com 'Carioca'. Ele relatou que teve uma discussão com o suposto segurança no final de semana passado e tentou pedir desculpas ontem, assim que chegou ao local para trabalhar. "Na semana passada, ele tinha falado para a gente ficar em um lugar demarcado para podermos trabalhar. Na hora da saída do show, mudei uns 20 metros, foi o suficiente para ele chegar chutando o meu carrinho, continuou me insultando e a gente discutiu. Ele falou para eu não falar alto com ele e ameaçou me arrebentar".

Ele diz que se desculpou para evitar "ser marcado". "Não queria me envolver em confusão com ele. Então, mesmo sem ter feito nada, decidi que ia pedir desculpas para deixar tudo em paz. Ele me falou que não iria me desculpar e começou a gritar comigo, foi quando o Adenilson se aproximou e já começou a me agredir, como mostra o vídeo".

Osvaldo de Souza, 41, foi atendido em um posto médico após as agressões - Cedido ao UOL - Cedido ao UOL
Osvaldo de Souza, 41, foi atendido em um posto médico após as agressões
Imagem: Cedido ao UOL

"Esse comparsa dele já chegou me agredindo, caí no chão, ele ficou por cima de mim e me socou com soco inglês, foi um livramento de Deus eu não ter morrido. Saí de casa para levar o sustento, levar o pão para a minha família e fui espancado, massacrado, tentaram me matar"
Osvaldo, ambulante agredido

O ambulante conta que os dois homens atuam no local há três meses. Desde então, Osvaldo diz que a rotina dos ambulantes mudou. "Eles estão recebendo das casas de show para não deixar a gente trabalhar na rua. Já tem uns três meses isso, são metidos a polícia, oprimem os ambulantes, falam que vão virar os nossos carrinhos, tocam o terror".

Osvaldo foi socorrido após as agressões. Ele diz que, após cerca de 40 minutos, a ambulância chegou e ele foi encaminhado ao Pronto-Socorro de Santana. O ambulante detalhou que levou diversos pontos na testa e que parte do seu crânio afundou. "Estou todo arrebentado, com a cabeça toda ferida, só estou vivo porque o pessoal tirou ele de cima de mim, mas meu rosto está muito machucado, eu uso aparelho, então a minha boca também está cortada", lamentou.

Osvaldo começou a trabalhar como ambulante após perder o emprego

Osvaldo se tornou ambulante após perder o emprego de motorista - Cedido ao UOL - Cedido ao UOL
Osvaldo se tornou ambulante após perder o emprego de motorista
Imagem: Cedido ao UOL

Osvaldo trabalhava como motorista executivo, mas perdeu o emprego em 2023. Ele contou que já tinha experiência como ambulante porque fazia 'bicos' aos finais de semana. "Trabalhava para complementar a renda, quando tinha tempo, mas desde que perdi o emprego, ser ambulante se tornou a minha profissão", explicou.

Ele vende em seu carrinho água, cerveja e refrigerante. Osvaldo disse que trabalha rua Tagipuru, onde ocorreu o crime, há cerca de três anos, e que nunca passou por nada parecido. "Eu sempre consegui trabalhar, nunca aconteceu nada parecido, tem regras de não poder ficar na frente da casa, mas na fila e na rua, a gente sempre trabalhou", afirmou.

O ambulante registrou um boletim de ocorrência e fez o exame de corpo de delito. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que o caso foi registrado como lesão corporal no 2° DP (Bom Retiro). "A vítima foi orientada quanto ao prazo de representação criminal contra o autor", esclareceu a secretaria.

O UOL entrou em contato com Adenilson por telefone, mas não houve retorno. A reportagem ainda entrou em contato com o Instituto Adilson Maguila. A presidente da instituição, Irani Pinheiro, madrasta de Adenilson, afirmou que a família não vai se pronunciar. O espaço segue aberto em caso de manifestação futura.

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