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Macron é rápido para felicitar Trump, mas equilíbrio de forças não favorece líder francês

06/11/2024 11h52

Quando apenas o candidato republicano e o canal Fox News reivindicavam a vitória do bilionário na eleição americana, o presidente francês, Emmanuel Macron, foi o primeiro líder de uma potência ocidental a parabenizar nesta quarta-feira (6) o "presidente Donald Trump".

"Parabéns presidente Donald Trump. Pronto para trabalharmos juntos como já o fizemos durante quatro anos. Com as suas convicções e as minhas. Com respeito e ambição. Por mais paz e prosperidade", escreveu Macron na rede X.

No início desta quarta-feira, Macron conversou com o chanceler alemão, Olaf Scholz, com quem concordou em "trabalhar por uma Europa mais unida, mais forte e mais soberana", disse o presidente francês na rede X.

"Cooperar com os Estados e defender os nossos interesses e os nossos valores", acrescentou Macron, especialmente quando França e Alemanha são as duas principais potências econômicas da União Europeia.

Macron debilitado

Mas analistas políticos observam que o equilíbrio de forças é desfavorável ao presidente francês. "Macron tem uma ideia muito clara do que um Trump 2.0 significa para a União Europeia", disse à AFP Mujtaba Rahman, do grupo de reflexão Eurasia Group. "E, de fato, vimos uma reação muito forte e rápida da sua parte", para estabelecer o tom da "mensagem pública" dos europeus, acrescenta.

O presidente francês defende há vários anos uma soberania europeia, um conceito que ganhou força com a pandemia de Covid-19 em 2020 e, em seguida, com a invasão russa da Ucrânia.

Em um discurso na Universidade Sorbonne, em abril, ele chegou a alertar que "a Europa pode morrer" sem um impulso para garantir sua segurança, muito dependente dos Estados Unidos, e para reforçar a competitividade de sua economia, ameaçada de perder espaço em relação à concorrência americana e chinesa.

Com a vitória de Trump, que pode optar por um rápido desengajamento de Washington em relação à Europa e à Ucrânia, Macron se considera bem posicionado para assumir a liderança europeia, segundo especialistas.

Os dois líderes, que romperam com os códigos estabelecidos, cada um à sua maneira, ao assumirem o poder em 2017, têm uma relação que oscila entre cordialidade e rivalidade.

Da sedução ao desencantamento

Mas essa relação não trouxe muitos resultados práticos: o francês, por exemplo, não conseguiu impedir diversas decisões de Trump, como a retirada dos EUA dos acordos climáticos ou do acordo nuclear com o Irã.

Com o retorno do populista, após quatro anos na oposição, o presidente francês "deve estar pensando que tem uma pequena chance de sucesso", disse à AFP uma pessoa próxima de Macron. 

"A ofensiva de charme falhou", as relações acabaram se deteriorando no primeiro mandato de Trump e "não está claro quais seriam os elementos que permitiriam retomá-la", observa François Heisbourg, da Fundação para a Pesquisa Estratégica.

Além disso, "Macron não está em posição de ser levado a sério bilateralmente" desde a dissolução da Assembleia Nacional, já que "não sabemos quem governará a França nas próximas três semanas, três meses ou três anos", acrescenta.

A parceria franco-alemã também foi prejudicada pelas dificuldades da coalizão de Olaf Scholz. Para François Heisbourg, "o alinhamento político das forças na Europa para reagir ao desafio representado pela América de Trump não poderia ser pior do que é hoje".

(com AFP)

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