A venda de moradias sociais para a classe média não deveria ser encarada como uma surpresa pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo), afirmou o colunista Raul Juste Lores no UOL News desta quarta-feira (6).
Uma fraude na venda de imóveis é foco de investigação instaurada pelo MP para apurar como o mercado imobiliário da capital paulista tem se utilizado de subsídios fiscais concedidos pela prefeitura da cidade.
O UOL revelou que quase 240 mil apartamentos do tipo HIS 2 (unidades habitacionais destinadas a famílias com renda familiar mensal média entre três e seis salários mínimos) estão sob suspeita de não atenderem ao público-alvo definido em lei municipal.
Alguém precisa lembrar o Ministério Público, que sei lá em que planeta andava, que o Minha Casa Minha Vida foi criado em 2008. E tirando aqueles militantes petistas hardcore, mais ingênuos, o Minha Casa Minha Vida nunca foi criado para ajudar a habitação dos mais pobres. Desde o início foi para dar muito dinheiro para o mercado imobiliário, construir para classe média.
Raul Juste Lores, colunista do UOL
O mais surpreendente, segundo Lores, é que o Ministério Público não soubesse que o programa foi mal desenhado.
O programa repete os mesmos vícios do BNH [Banco Nacional da Habitação] da ditadura militar. Ou seja, tanto Minha Casa Minha Vida quanto o BNH, dois terços das unidades subsidiadas com dinheiro público, Caixa Econômica Federal, FGTS e afins, vão para classe média. Então, esse é o grande problema. E especialmente em cidades como São Paulo, onde um metro quadrado é caro.
Então, a minha surpresa é como o Ministério Público só descobriu agora que a classe média está tendo acesso fácil a imóveis subsidiados
Raul Juste Lores, colunista do UOL
O colunista ressalta que esse é mais um exemplo de dinheiro público que não favorece quem mais precisa de recursos.
Um estudante, ou alguém no seu primeiro emprego, que ganha R$ 5.000 e R$ 6.000 por mês, for comprar essa unidade, ele vai ser aceito. Agora, se os pais dele são ricos, se a família dele é de fazendeiros em Ribeirão Preto ou no Centro-Oeste, isso ninguém checa. Então, de novo, é dinheiro público que não está ajudando os mais necessitados e que vai para a classe média e que vai para um setor da economia muito influente junto ao governo federal.
Raul Juste Lores, colunista do UOL
Jamil: Medidas de Trump podem elevar inflação nos EUA e afetar Brasil
Os planos de Donald Trump para a economia dos Estados Unidos podem causar a alta da inflação no país e respingar no Brasil, disse o colunista Jamil Chade no UOL News desta quarta (6).
As medidas planejadas por Trump para a economia americana são inflacionárias. A ideia é proteger o mercado, colocando tarifas contra produtos estrangeiros. Quando se faz isso, as mercadorias de fora não têm como entrar ou entram com preço mais elevado e, claro, existe um acréscimo nos preços internos.
Sim, isso é considerado como potencial fator de inflação nos EUA. Se isso acontecer, sabemos que o Fed [Federal Reserve, banco central dos EUA] terá que agir e elevar a taxa de juros. Se o Fed elevar a taxa de juros, sabemos o que acontece no Brasil.
Jamil Chade, colunista do UOL
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