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Dólar hoje: veja cotação e valor após eleição de Trump nos EUA

Retorno de Trump à Casa Branca mexeu com o mercado - Brian Snyder/REUTERS
Retorno de Trump à Casa Branca mexeu com o mercado Imagem: Brian Snyder/REUTERS
do UOL

Do UOL, em São Paulo

06/11/2024 18h00

Depois de chegar a R$ 5,85 pela manhã desta quarta-feira (6), o dólar fechou em queda. A vitória de Donald Trump na eleição presidencial nos Estados Unidos estressou os mercados num primeiro momento. Porém, mesmo com a moeda em alta internacionalmente, a divisa terminou o dia perdendo para o real.

No Brasil, entretanto, os efeitos da candidatura do republicano, segundo especialistas, já fizeram o real se desvalorizar demais, e por isso houve a reversão da alta no início da tarde.

O mercado de juros futuros brasileiro, que funciona como uma projeção, também mostrava grande elevação das taxas. Com isso, a Bolsa de Valores brasileira ia para sua última hora de pregão em queda.

O que aconteceu

O dólar comercial terminou o dia em baixa de 1,26%, vendido a R$ 5,674. O dólar turismo teve queda de 0,22%, cotado a R$ 5,903, depois de ter sido vendido por R$ 6,051 na primeira metade do dia (dados preliminares).

A Bolsa brasileira, que chegou a recuar pela manhã, agora tem desvalorização de 0,20%. O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, caía para 130.402 pontos.

No exterior, a moeda americana tinha elevação ante outras divisas. Subiu 1,9% contra o iene japonês, 0,9% contra o euro e 0,7% contra o dólar canadense.

Nas últimas semanas, a possibilidade de uma vitória de Trump fez a moeda americana se valorizar ante outras divisas. Como o republicano tem um programa econômico visto como inflacionário, um eventual novo governo dele poderia levar a aumentos de juros nos EUA. A hipótese de elevação dos rendimentos da renda fixa americana fez investidores se antecipar e correr para deixar seus países de origem e migrar para esse tipo de ativo, movimento que requer a compra de dólares e pressiona as cotações da moeda.

Por que o dólar caiu aqui?

No Brasil, os efeitos de uma vitória de Trump já vêm sendo descontados do real desde meados de outubro. É o que diz Gustavo Bertotti, economista chefe da Fami Capital. "O real já depreciou demais por conta do Trump. Por isso, o que faz o maior impacto agora sobre a moeda é a questão fiscal, com um peso doméstico bem maior", diz o especialista. No acumulado do ano, o dólar tem alta de 18%.

O real já vem sendo afetado pelo que se convencionou chamar de "Trump Trade" por que é uma moeda fraca. "O real é muito sensível a esses movimentos internacionais". diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research. A situação fiscal, com mais gastos que arrecadação é o que causa a debilidade da moeda, explica ele. É por isso que, segundo ele, a tendência é que o real continue no longo prazo a se desvalorizar, mais ainda agora sob os efeitos do novo mandato de Trump.

A Bolsa também não tem uma queda acentuada pelo mesmo motivo: já está descontada demais. Em 2024, o índice acumula perdas de quase 2%. No longo prazo, entretanto, pode haver mais perdas, já que a alta global do dólar prejudica as empresa exportadoras brasileiras (com a moeda valendo mais, ela compra mais produtos por menos moeda). Companhias endividadas em dólar — como as aéreas — também têm um prognóstico ruim.

Fazer cortes de gastos do governo agora é mais importante ainda — e uma das únicas maneiras de defender a economia brasileira dos efeitos nocivos da vitória do republicano. "O corte de gastos precisa ser contundente", reforça o economista da Fami.

Algumas notícias sobre o andamento das medidas de corte de gastos no governo também ajudaram o dólar a cair. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira que todos os ministros do governo estão "muito conscientes" da tarefa de reforçar o arcabouço fiscal, acrescentando que a rodada de reuniões pedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discussão de medidas fiscais foi concluída. A rodada de reuniões com os ministros já estaria concluída. O próximo passo são conversas com os presidentes das duas Casas do Congresso, para que se discuta o envio das medidas fiscais para análise dos parlamentares.

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