'8/1 não foi tentativa de golpe, foi bando de vândalos', diz Marcos Pereira
Questionado sobre os ataques ao Congresso Nacional no dia 8 de janeiro de 2023, o presidente do partido Republicanos, Marcos Pereira, afirmou aos colunistas Carla Araújo e Josias de Souza no UOL Entrevista que não houve uma tentativa de golpe, mas sim "um bando de vândalos depredando espaços públicos".
Não acho que houve uma tentativa de golpe porque, para que se haja um golpe, [como houve em] todos os golpes que a gente teve na história do Brasil, tem que haver envolvimento de pessoas com liderança, pessoas da alta cúpula das forças armadas, e não foi o que a gente viu em 8 de janeiro.
O que a gente viu foi um bando de vândalos depredando espaços públicos. Então, neste ponto, especificamente da titularização do crime [tentativa de golpe de Estado] pelo qual eles estão respondendo, eu divirjo do STF.
Questionado por Josias sobre os depoimentos de integrantes das Forças Armadas que ligaram os atos violentos a plano de golpe com o ex-presidente Jair Bolsonaro, Marcos apontou que desconsidera a delação premiada neste caso.
Não podemos considerar algumas pautas [como os testemunhos]. O que a gente tem que tomar cuidado é para não condenar as pessoas antes do efetivo julgamento. A gente tem que garantir às pessoas a presunção de inocência. Delação por delação, o que aconteceu na recente história do Brasil, da Lava Jato, é que a grande maioria das delações foi anulada, porque foram sob pressão, foram feitas de forma coagindo o delator [...] Quando você coloca a pessoa sob pressão, ela — para se ver livre de uma prisão, de uma cautelar, antecipada de uma antecipação de pena — acaba delatando e falando muitas das vezes inverdades.
Agora, tratar de anistia, uma lei para anistia, nesse momento - aí falo agora não como parlamentar, mas como jurista - é um pouco temerário, porque se trata de anistia quando já há condenações e processos transitados em julgado. Não é o caso deste.
Acho que debater isso sem os inquéritos e os processos estejam todos eles findos, pode dar margem para que o Supremo venha novamente intervir, intervir entre aspas, porque certamente ele será provocado, e declarar essa lei inconstitucional. Então, repito, para deixar claro de forma didática, [debater esse assunto] com os inquéritos ainda em andamento, com as ações ainda em andamento, margem é dar para dizer que a lei é inconstitucional, é jogar um pouco para a plateia.
Marcos Pereira, presidente do Republicanos