Sob forte segurança, eleitores votam em Boston e expressam temor com eventual vitória de Trump
Estado tradicionalmente democrata, o Massachusetts vai às urnas com a esperança de eleger Kamala Harris como a 47?ª presidente americana. A reportagem da RFI acompanhou a votação dentro de uma seção na Assembleia Legislativa em Boston.
Estado tradicionalmente democrata, o Massachusetts vai às urnas com a esperança de eleger Kamala Harris como a 47?ª presidente americana. A reportagem da RFI acompanhou a votação dentro de uma seção na Assembleia Legislativa em Boston.
Daniella Franco, enviada especial da RFI a Boston
Para acessar a pequena sala nos fundos da Massachusetts State House, um esquema de segurança similar ao de um aeroporto foi organizado. Todos os pertences e casacos são colocados numa esteira e passam por um scanner. Já o eleitor atravessa a porta detectora de metais, sob o olhar atento de policiais.
Cada local de votação estabelece suas próprias regras. Este, dentro da Assembleia Legislativa estadual, veta a realização de vídeos ou fotos "por medida de segurança", explica a presidente da seção eleitoral. Mas a gravação de entrevistas é permitida na parte externa, pondera um dos policiais, sorrindo: "esse é um país livre".
Do lado de fora, sob os olhares de um agente de segurança, eleitores fazem selfies exibindo o famoso adesivo "I voted" (eu votei). Alguns vieram com familiares e amigos, e conversam entre si sobre os últimos comícios dos candidatos na noite de segunda-feira (4). Outros deixam o local apressados, sob a justificativa de ir ao trabalho. Afinal o "election day" é um dia normal nos Estados Unidos, embora a atmosfera não inspire nem um pouco de normalidade.
Estresse e ansiedade
"Hoje é um grande dia e todo mundo está estressado", diz Allye, 30 anos, que veio votar com o companheiro, Robert, 32 anos. A escolha pela candidata Kamala Harris foi feita baseada no medo, diz a jovem. "Se você acompanha um pouco as notícias ou se você é uma mulher nos Estados Unidos, deveria votar democrata", diz.
O companheiro de Allye concorda: "Eu votei baseado em quem não é um babaca e em quem não é uma merda", afirma, pedindo desculpas pela linguagem. "Eu não estou de acordo com tudo o que Harris faz, mas ao menos com ela as coisas parecem mais genuínas. E, além disso, quem sou eu para interferir nos direitos das mulheres? Eu sou um cara, um homem branco, tudo é fácil para mim. Eu não tenho que enfrentar situações como um dos meus melhores amigos, que é trans. Então, quero que Trump se dane", declara.
Ansiedade é a palavra que usa Ian, 29 anos, para descrever seu sentimento como eleitor. "Eu realmente quero que Kamala ganhe, mas eu tenho medo que Trump vença novamente", reconhece. Para o jovem eleitor, nada está perdido: "ainda tenho um pouco de fé que iremos fazer a escolha correta".
Para o aposentado John, 73 anos, o exercício do voto neste 5 de novembro é "preocupante e emocionante". "Espero que o resultado seja tão brilhante quanto o dia de hoje", brinca, referindo-se ao sol e a temperatura próxima dos 20° C, atípica para o outono de Boston.
John explica que votou em Harris "porque ela respeita as leis e tem uma visão responsável em relação aos problemas que enfrentamos". Ao seu lado, a esposa Nancy, 72 anos, afirma que escolheu a vice-presidente pelo grande apreço que sente por ela e que "ficaria muito triste se Trump vencesse".
Direitos das mulheres motiva os eleitores
Entre todos os eleitores e eleitoras entrevistados pela reportagem nesta seção eleitoral de Boston, a preocupação com os direitos das mulheres é uma unanimidade. É o caso de Per, 42 anos, para quem todas as eleições são motivo de entusiasmo, "mas essa principalmente". "Eu tenho duas filhas pequenas e quero dizer a elas que estou muito feliz de poder votar para termos uma presidente mulher".
Heidi, 45 anos, veio votar com o filho pequeno e expressa a sua esperança de que os Estados Unidos elejam uma mulher para a Casa Branca pela primeira vez na história. "São eleições muito importantes, porque esperamos mudanças em nosso pais", ressalta.
Desejo de mudança que também motiva as jovens gerações, como Rachel, que celebra o seu primeiro voto. "Fazia tanto tempo que eu queria que isso acontecesse, e eu acabei de fazer 18 anos, então foi perfeito!", comemora. Para ela, a escolha de Harris foi baseada na promessa de proteção dos direitos das mulheres e porque "ela respeita todas as pessoas".