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O que se sabe dos 200 militares presos na Bolívia por partidários de Evo Morales

AFP

05/11/2024 10h16

O governo boliviano denunciou no fim de semana a tomada de 200 militares como "reféns" por parte de agricultores partidários do ex-presidente Evo Morales que protestam contra "a perseguição judicial" de seu líder e pedem a renúncia do presidente Luis Arce.

Isso é que o se sabe sobre a tomada de "reféns" que surge no marco dos bloqueios de rodovias que os partidários de Morales mantêm desde 14 de outubro, confrontando seu ex-ministro Arce pela candidatura presidencial da esquerda governista para as eleições de 2025.

Como foi a tomada de reféns?

As Forças Armadas anunciaram na sexta-feira que "grupos armados irregulares" haviam tomado uma unidade no departamento de Cochabamba (centro) "com o sequestro de militares, armas e munições", sem mencionar quantos soldados estavam presos.

Em um dos primeiros vídeos que circularam nas redes sociais, cerca de 16 soldados são vistos cercados por camponeses armados com paus de ponta afiada.

Um oficial uniformizado é ouvido dizendo: "O Regimento Cacique Maraza foi tomado (...) eles cortaram nossa água e eletricidade, nos tomaram como reféns".

No dia seguinte, o Ministério das Relações Exteriores anunciou que "três unidades militares foram atacadas por grupos irregulares (...) fazendo mais de duzentos militares reféns".

O vice-ministro de Coordenação com os Movimentos Sociais, Juan Villca, disse à AFP na segunda-feira que os três quartéis "ainda estão sendo tomados como reféns".

Há ou não reféns?

Vicente Choque, líder das federações indígenas do Chapare, no departamento de Cochabamba, recusou-se, em uma entrevista à AFP, a falar de "reféns".

"Não há um único refém, acho que o governo está exagerando e mentindo", disse ele. Ele reconheceu que "há uma vigília" do lado de fora do quartel para evitar que mais soldados cheguem ao local.

De acordo com ele, entre 2.000 e 3.000 pessoas estão "nos portões da Nona Divisão do Exército", uma das unidades apreendidas no Chapare.

Ele explicou que, em uma primeira reação, seus colegas chegaram à unidade militar para reclamar de alguns veículos que estavam lá dentro e que haviam sido usados pela polícia no "assassinato que queriam cometer" contra Morales.

Em 27 de outubro, Morales afirmou que tentaram matá-lo a tiros em Chapare, que seu carro foi alvejado 14 vezes e que seu motorista foi ferido.

Como esse evento sem precedentes pode ter acontecido?

O oficial militar aposentado Durán expressou suas dúvidas sobre o trabalho de inteligência nessas unidades, ressaltando que, por causa disso, não foram tomadas as medidas preventivas necessárias para evitar tal ação.

Ele ressaltou que, embora cada unidade militar tenha escritórios de inteligência, eles não funcionam adequadamente devido à falta de apoio do Estado.

"As forças armadas foram abandonadas, não têm equipamento antimotim, o pouco armamento que têm são armas de guerra", disse ele.

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