Brasil poderá ser o centro industrial sustentável do mundo, diz Siemens
"O Brasil tem uma oportunidade gigante nas mãos de ser o centro industrial sustentável do mundo. Ninguém está no patamar que a gente está. Provavelmente muitos países vão chegar ao longo do tempo. Mas essa eletrificação totalmente sustentável, nós temos que aproveitá-la". É o que diz o argentino Pablo Fava, presidente da Siemens Brasil. Ele foi convidado do "UOL Líderes", videocast do UOL Economia que entrevista líderes do mundo empresarial.
Ele diz que os países estão ficando sem fornecimento de energia para os data centers. Esses centros de processamento de dados são demandantes de grandes quantidades de energia. "E com o advento da inteligência artificial cada vez mais. Esses processadores precisam de muita energia. E acontecem em países que estão ficando sem fornecimento de energia para esse tipo de data center", afirma.
O Brasil está recebendo investimentos. Nós hoje temos energia disponível, mas precisamos cada vez mais investimentos desse tipo para conseguir agregar mais valor no Brasil. E tem que ser sustentável. Esse marco [regulação do mercado de carbono] nos ajudaria muito a promover investimentos.
Pablo Fava, presidente da Siemens Brasil
A Siemens tem sede em Munique (Alemanha). É uma empresa global de tecnologia que atua nos setores de indústria, infraestrutura, transportes e saúde. Atualmente, está presente em 190 países. A empresa alemã se instalou definitivamente no Brasil em 1905, ao criar a Cia. Brasileira de Electricidade Siemens-Schuckertwerke, com sede no Rio de Janeiro. Mas as atividades da Siemens no Brasil haviam sido iniciadas em 1867, com a instalação da primeira linha telegráfica do país, que ligava o Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul.
Brasil na transição energética
Fava diz que a matriz elétrica do Brasil está acima de 90% já sustentável. "Nenhum país chega —acho que o mais próximo está Canadá, talvez algum país nórdico, uma Noruega— nesse nível de sustentabilidade na sua matriz elétrica", diz.
"Isso é para o Brasil uma grandíssima oportunidade, porque o consumidor hoje, e cada vez isso vai aumentar, quer um pedigree digital de qual foi a pegada de carbono para produzir um produto. Eu quero saber quanto que esse produto no seu uso vai gerar de impacto ambiental", afirma.
Na medida em que algum produto seja produzido no Brasil, nós conseguiríamos exportar produção muito mais sustentável que outros países não conseguem fazer hoje. Por isso que é uma oportunidade enorme para a indústria, ou seja, a energia brasileira sustentável como uma alavanca da neo-industrialização brasileira.
Pablo Fava, presidente da Siemens Brasil
Para isso, tem que existir matrizes, não somente agora elétricas, mas matriz logística também. Portos, rodovias e demais, onde a gente ainda tem que atuar bastante para fazer uma matriz mais sustentável mesmo.
Pablo Fava, presidente da Siemens Brasil
O país pode atrair mais investimentos para suas indústrias. Para ele, se houver investimentos nessas áreas, o Brasil tem uma "oportunidade única do país do futuro". Ele dá um exemplo: quando uma empresa multinacional precisa instalar uma nova fábrica, ela faz um cálculo de retorno de investimentos. Mas entra nesse cálculo um novo fator: a pegada de carbono e a sustentabilidade da produção do produto.
O Brasil vai entrar cada vez mais à frente de outros países para atrair esse tipo de investimentos, e isso nós temos que vender para o exterior, pois é uma oportunidade enorme para o nosso país.
Pablo Fava, presidente da Siemens Brasil
Transformação digital
Fava afirma que a transformação digital pode ser uma alavanca de inclusão no mundo. "Que a transformação digital seja um vetor de inclusão social", declara ele, na entrevista.
Ele falou sobre os pilares que o B20 apresentou ao G20, para a transformação digital. O B20 é o braço de negócios do G20 (que reúne os países com as maiores economias do mundo).
Um dos pilares é a conectividade segura e disponível para todos. "A possibilidade de uma pessoa estar conectada permite a ela ter voz. Que se não tem conexão, ela praticamente é como se não existisse", declara.