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Como limpeza polêmica pode ser tiro de misericórdia em carro muito rodado

Especialmente em motores com alta quilometragem, descarbonização química traz risco de danos graves, principalmente se não for acompanhada de troca de óleo - iStock/Getty Images
Especialmente em motores com alta quilometragem, descarbonização química traz risco de danos graves, principalmente se não for acompanhada de troca de óleo Imagem: iStock/Getty Images
do UOL

Alessandro Reis

Do UOL, em São Paulo (SP)

05/11/2024 05h30

A limpeza química da parte interna de motores, conhecida como "flush", pode causar mais danos do que benefícios - especialmente em veículos bastante rodados e que não costumam ser abastecidos com combustível aditivado.

A avaliação é de Everton Lopes, mentor em tecnologia de energia a combustão da SAE Brasil.

De acordo com o engenheiro, a prática é capaz de danificar componentes internos, como bronzinas, anéis e camisa do pistão, trazendo risco até de travamento do propulsor - o que exigiria uma retífica, elevando consideravelmente os gastos com manutenção.

"Não recomendo fazer 'flush', sobretudo se o veículo apresentar alta quilometragem e maior consumo de óleo, por conta do desgaste natural dos componentes internos, com formação de borra", avalia.

Segundo o especialista, o ideal, nesse caso, é desmontar o motor e efetuar limpeza mecânica associada a um produto específico, de forma a retirar todos os resíduos antes de montá-lo novamente e colocá-lo para funcionar.

Lopes explica por que a limpeza química pode ser bastante nociva - ainda mais se não for acompanhada em seguida da troca do óleo lubrificante.

"Quando você realiza um procedimento como esse, a carbonização e outros resíduos que se desprendem das válvulas de admissão e escape e dos pistões costumam contaminar o óleo. Especialmente o carvão traz partículas sólidas que, se ingressarem no circuito de lubrificação, causam riscos, trazendo a possibilidade até de o propulsor engripar e parar de funcionar".

A técnica do "flush" utiliza produtos que podem ser adicionados diretamente no tanque ou no cárter, com o objetivo de remover a carbonização naturalmente causada pela queima do combustível e do lubrificante consumido no processo.

O carbono incrustado nas válvulas, explica Lopes, afeta sua estanqueidade e traz perda de desempenho. No caso do carbono acumulado na cabeça dos pistões, há risco de queima descontrolada, que resulta na famosa pré detonação ou batida de pino - cujo sintoma mais perceptível é um barulho metálico anormal, que pode ser prenúncio de danos no propulsor.

Como evitar a carbonização

Troca de óleo carro - Lucas Lacaz Ruiz/A1 - 26.02.2011 - Lucas Lacaz Ruiz/A1 - 26.02.2011
Colocar aditivo no óleo ou completar com lubrificante não especificado são vilões da saúde do motor
Imagem: Lucas Lacaz Ruiz/A1 - 26.02.2011

Everton Lopes recomenda utilizar combustível aditivado para minimizar a carbonização, embora enfatize que a prática não elimine o problema totalmente.

Enquanto a performance do motor não for afetada, a lista de cuidados inclui seguir o plano de manutenção nos prazos e quilometragens indicadas no manual e abastecer em postos de confiança, para minimizar o risco de colocar no tanque um produto "batizado".

Lopes dá outra orientação: "Nunca utilize óleo do motor que não tenha a especificação recomendada pelo fabricante do veículo e evite colocar aditivos no lubrificante, que já traz os trazem em sua formulação. A mistura de produtos não recomendados pode comprometer a eficácia do óleo e formar borra".

Além disso, nada de "flush". O especialista orienta seguir rodando, sem descuidar das práticas indicadas acima, até chegar a hora de fazer a retífica e a limpeza criteriosa das peças internas após a desmontagem do motor.

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