Trump queima seus últimos cartuchos eleitorais com ameaças ao México
Donald Trump ameaçou, nesta segunda-feira (4), impor tarifas de 25% ao México se não frear a entrada de migrantes, nas últimas horas de campanha para eleições muito acirradas contra Kamala Harris que deixam o mundo em suspense.
"Se conseguirmos fazer com que todos votem, não haverá nada que eles possam fazer", afirmou o ex-presidente republicano em um comício na Carolina do Norte nesta segunda-feira.
Como costuma fazer, o magnata criticou a migração ilegal.
Ele disse que, se vencer, informará à presidente mexicana, a esquerdista Claudia Sheinbaum, que vai impor "imediatamente uma tarifa de 25% a tudo o que enviarem aos Estados Unidos" se não interromperem o que classificou de "investida de criminosos e drogas" pela fronteira.
O México "se tornou nosso parceiro comercial número um e eles estão nos enganando a torto e a direito, é ridículo", opinou. Se 25% não derem resultado, "vou impor 50% e, se isso não funcionar, 75%", advertiu.
O republicano também fará comícios em Michigan e na Pensilvânia, estado onde sua adversária, a vice-presidente Kamala Harris, concentrará todos os seus esforços, concluindo na Filadélfia com convidados especiais como Lady Gaga e Ricky Martin.
Com 19 votos no Colégio Eleitoral em jogo, a Pensilvânia é o mais importante dos sete estados em que nenhum partido tem o voto garantido.
Os dois aproveitam as últimas horas para tentar desempatar as pesquisas em um pleito no qual quase 80 milhões de pessoas votaram antecipadamente.
- 'Está demitida!' -
Nunca antes os Estados Unidos tiveram que escolher entre dois candidatos tão diferentes. O ex-presidente intensificou sua retórica violenta em busca de um segundo mandato.
Em uma campanha cheia de contratempos, incluindo duas tentativas de assassinato contra Trump e a desistência do presidente Joe Biden, Kamala entrou em cena tardiamente.
A ex-procuradora-geral da Califórnia espera que a defesa do direito ao aborto lhe abra as portas da Casa Branca.
Trump confia em seu discurso contra os imigrantes e a inflação, com uma campanha que não poupou golpes contra seus rivais, inclusive classificando-os de "inimigo interno".
"Kamala, você está demitida, saia!", repetiu ele nesta segunda.
- Medo do caos -
O republicano voltou a mencionar uma possível fraude eleitoral, o que suscita temores de que não reconheça o resultado em caso de derrota, como fez em 2020 após ser superado por Biden.
A equipe de campanha de Kamala "prevê totalmente" que o republicano vai se declarar vencedor antes da hora.
É um "sinal de fraqueza e de medo de perder", declarou nesta segunda Ian Sams, porta-voz da democrata. "Não vai funcionar", advertiu.
Há também preocupação com a segurança das pessoas que vão trabalhar nas seções eleitorais.
Alguns funcionários eleitorais receberam botões de pânico para alertar rapidamente as autoridades em caso de emergência. Pelo menos dois estados, Nevada e Washington, colocaram a Guarda Nacional em alerta em caso de distúrbios.
Os dois candidatos contam com apoiadores de peso na campanha.
Trump tem a seu lado o homem mais rico do mundo, Elon Musk, e seus polêmicos sorteios de um milhão de dólares por dia (5,8 milhões de reais) para eleitores registrados. Já Kamala conta com o apoio do ex-presidente Barack Obama e de sua esposa Michelle.
Biden, por sua vez, tem falado pouco desde a gafe na qual se referiu aos apoiadores de Trump como "lixo".
O mundo acompanha com nervosismo as eleições na superpotência mundial, principalmente devido às suas repercussões no Oriente Médio e na guerra na Ucrânia, mas também devido aos efeitos comerciais das promessas de maior protecionismo em relação a México e China.
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