Economista sobre corte de gastos: 'Haddad precisa anunciar algo estrutural'
O governo precisa cortar gastos de forma estrutural para conter a alta do dólar e o aumento da dívida pública, avaliou o economista Teco Medina ao UOL News desta segunda (4).
Na sexta (1), o dólar disparou e fechou em R$5,86, maior valor desde maio de 2020. Isso trouxe preocupação com a dívida pública. Por conta disso, o ministro da Economia, Fernando Haddad, cancelou sua viagem à Europa para se dedicar às medidas do pacote de gastos. Mas, para Medina, o cancelamento da viagem só será benéfico se o governo anunciar algo esta semana.
Só faz sentido ele ficar para anunciar algo logo. Ficar aqui para a semana inteira passar e nada acontecer, acho que terá sido até pior. Porque com ele fora ninguém tinha a expectativa de que nada fosse anunciado. Então, com ele aqui se espera que tenha um anúncio hoje ou amanhã.
Para mim, a questão não é o tamanho do gasto, é de onde vem. O governo precisa anunciar algo estrutural, porque o problema é estrutural. Então, não adianta você falar: 'olha, este ano, a gente vai congelar ou cortar tal coisa, mas ano que vem volta'. Precisa se adequar a isso.
E o governo acabou aumentando o gasto para todo lado. Não só isso. O último ano do governo Bolsonaro já tinha sido assim.
Se não [fizer mudanças estruturais], você todo ano vai ter que fazer anúncio de enxugamento, de contingenciamento. O gasto é estrutural, se você não fizer controle estrutural vai ter que ficar repetindo isso ano após ano.
Teco Medina, economista
O economista diz que o descontrole dos gastos do governo federal e o consequente prejuízo na economia já aconteceu na história recente do Brasil.
Aqui no Brasil, o dólar tem um peso diferente. O dólar acaba sendo um porto-seguro, uma medida de pânico. A gente viu por anos que toda vez que alguma coisa azeda, o dólar sobe.
Existe uma dúvida muito grande se o governo está disposto a fazer esse ajuste ou não. E se ele não estiver disposto a fazer esse ajuste, não teria problema, a gente só precisaria entender que o nível de juros e de dólar é em outro patamar. O juros do Brasil não será 10,75% se não houver uma mudança de atitude do governo. Será 13%, 14%. E o dólar também não é R$5, é R$6, R$6,5 talvez.
A gente tem um filme que aconteceu muito recentemente na história do Brasil, estamos falando de 2012 a 2016, que é muito parecido. As pessoas estão com isso muito fresco na cabeça. É o mesmo partido, não é o mesmo presidente, e a gente está vendo algumas coisas se repetirem.
Se o governo não mudar o rumo dessa história não é difícil imaginar como será o fim dessa história. Em termos econômicos vai ser inflação mais alta, juros mais altos, câmbio mais alto e crescimento mais baixo. Não para o ano que vem, mas para 2026, 2027. E as pessoas vão se preparando para isso.
Teco medina, economista
Josias: Ministro do STF diz que eventual vitória de Trump não afeta caso Bolsonaro
Os inquéritos contra Jair Bolsonaro não sofrerão qualquer influência caso Donald Trump vença as eleições nos Estados Unidos, revelou um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) ao colunista Josias de Souza, que trouxe a informação no UOL News.
Bolsonaro declarou apoio a Trump e o elogiou, chamando-o de "maior líder conservador da atualidade". Já assessores de Lula manifestam preocupação caso o republicano vença Kamala Harris, já que significaria uma maior turbulência na América Latina e fortalecimento de grupos de extrema direita pelo continente.
Troquei uma mensagem de WhatsApp com um ministro do Supremo agora cedo, perguntando se uma vitória do Trump poderia influir no andamento desses inquéritos que correm contra o Bolsonaro. Ele respondeu uma frase muito seca: 'chance zero de influir'.
Do ponto de vista judicial, é muito improvável que a eventual vitória de Trump nos EUA contribua para reabilitar Bolsonaro. Se isso não acontece no Judiciário, a outra alternativa é o Legislativo. Hoje, no Congresso Nacional, a proposta de anistia do Bolsonaro é minoritária. Ele não tem maioria para aprovar a anistia, nem daqueles encrencados lá no 8 de janeiro.
Josias de Souza
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Tales: Trump traz pavor de 'fantasma' de retorno de Bolsonaro
Uma eventual vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos traz um alerta ao Brasil para uma possível volta de Jair Bolsonaro ao poder, afirmou o colunista Tales Faria.
Com o fortalecimento da ultradireita e dos ultraconservadores no mundo, uma preocupação é se isso fortalecerá Bolsonaro por aqui. As instituições brasileiras estão muito assustadas com o que Bolsonaro produziu, com uma guerra contra o STF [Supremo Tribunal Federal], a democracia e o Congresso.
Essa guerra contra as instituições fará com que elas se protejam no caso de uma eleição do Trump, não voltando atrás nas punições ao Bolsonaro. Ele não deve ser beneficiado em termos de adiamento, anistia e revisão das penas às quais lhe devem ser impostas. As instituições estão com pavor do retorno de Bolsonaro. Trump traz esse 'fantasma', que fará as instituições democráticas reagirem. Tales Faria
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Jamil: Grande pergunta da eleição nos EUA é como Trump reagirá se perder
O principal temor da eleição presidencial dos EUA reside em como será a reação do republicano Donald Trump no caso de uma eventual derrota para a democrata Kamala Harris, afirmou o colunista Jamil Chade.
É provavelmente a eleição mais acirrada das últimas décadas nos EUA e será definida pelas margens, ou seja, por pouquíssimos votos desses estados-pêndulo, que são chave. Hoje, há um empate técnico.
A grande pergunta é: em uma eleição tão disputada, com uma enxurrada de desinformação e mentiras, como Trump e o Partido Republicano reagirão se forem derrotados? Tudo indica, e pelo menos essa era a orientação do partido até agora, que haverá questionamento e uma tentativa de dizer que a eleição foi fraudulenta.
Na verdade, os republicanos já começaram a dizer isso antes mesmo de a eleição terminar. Obviamente, haverá muita atenção. Amanhã, Washington estará absolutamente abarrotada por agentes de segurança e policiais. Há uma grande preocupação com relação à eventual violência que pode acontecer depois do anúncio do resultado.
Jamil Chade
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