Caixa da Berkshire, de Buffett, sobe a US$325 bi com venda de ações de Apple e BofA
Por Jonathan Stempel
(Reuters) - O megainvestidor Warren Buffett e a Berkshire Hathaway estenderam as vendas de ações no terceiro trimestre do ano, reduzindo ainda mais suas participações na Apple e elevando o caixa da companhia para um recorde de 325,2 bilhões de dólares.
Em seu relatório trimestral divulgado no sábado, a Berkshire disse que vendeu cerca de 100 milhões de suas ações da Apple durante o verão, ou 25% do total, terminando com cerca de 300 milhões de papéis.
A Berkshire já vendeu mais de 600 milhões de ações da fabricante do iPhone em 2024, embora a Apple continue sendo sua maior participação acionária, com 69,9 bilhões de dólares.
A companhia vendeu 36,1 bilhões de dólares em ações no total, incluindo vários bilhões de dólares em papéis do Bank of America. Em contrapartida, comprou apenas 1,5 bilhão de dólares em ações.
Isso fez com que o trimestre fosse o oitavo consecutivo em que a Berkshire foi uma vendedora líquida de ações.
O conglomerado sediado em Omaha, Nebraska, também não realizou nenhuma recompra de ações pela primeira vez desde o segundo trimestre de 2018. Além disso, não recomprou ações nas três primeiras semanas de outubro.
"A Berkshire é um microcosmo da economia mais ampla", disse Cathy Seifert, analista da CFRA Research em Nova York. "Seu acúmulo de dinheiro sugere uma mentalidade de 'aversão ao risco', e os investidores podem se preocupar com o que isso significa para a economia e os mercados."
As ações Classe A da Berkshire subiram 25% este ano, enquanto o Standard & Poor's 500 aumentou 20%.
A participação em dinheiro da Berkshire cresceu de 276,9 bilhões de dólares no fim de junho e é mais de dez vezes a reserva de 30 bilhões de dólares que Buffett prometeu manter.
O megainvestidor não fez nenhuma grande aquisição de empresas inteiras para sua companhia desde 2016.
Jim Shanahan, analista da Edward Jones em St. Louis, disse que o aumento do estoque de recursos "suscita questões sobre se Buffett acha que as ações estão supervalorizadas ou se uma crise econômica está chegando, ou se está tentando acumular dinheiro para uma grande aquisição".
Em maio, Buffett disse que esperava que a Apple continuasse sendo o maior investimento em ações da Berkshire, mas a venda de papéis fazia sentido porque a alíquota de imposto federal de 21% sobre os ganhos provavelmente aumentaria.
LUCRO OPERACIONAL
O lucro operacional trimestral da Berkshire caiu 6%, para 10,09 bilhões de dólares, ou cerca de 7.019 dólares por ação Classe A, abaixo das estimativas dos analistas de 7.611 dólares por ação, de acordo com o LSEG IBES.
O declínio decorreu em grande parte de perdas na subscrição de apólices de seguro mais antigas, reivindicações de seguro relacionadas ao furacão Helene em setembro e perdas cambiais decorrentes do fortalecimento do dólar.
Isso compensou a melhor lucratividade na seguradora de automóveis Geico, onde as reivindicações por acidentes caíram. O lucro também aumentou na ferrovia BNSF, que enviou mais bens de consumo, e na Berkshire Hathaway Energy, onde as despesas operacionais diminuíram.
Seifert disse que a Berkshire se beneficiou de sua diversificação por muito tempo, mas passou por uma fraqueza "multifacetada" no trimestre.
Isso incluiu um declínio de 19% na receita da rede de postos de parada de caminhões Pilot, onde os preços dos combustíveis e os volumes de marketing caíram. A Berkshire também disse que "quase todos" os seus negócios de varejo, incluindo suas mais de 80 concessionárias de automóveis, estão vendo declínios na receita.
O lucro líquido da companhia totalizou 26,25 bilhões de dólares, em comparação com o prejuízo de 12,77 bilhões de dólares no ano anterior, refletindo ganhos e perdas não realizados em investimentos em ações como a Apple.
(Reportagem de Jonathan Stempel em Nova York)
((Tradução Redação São Paulo))
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