Bolsa avança e dólar fecha em queda com expectativa por cortes de gastos
A Bolsa de Valores de São Paulo subiu e o dólar recuou nesta segunda-feira (4) após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizer que o presidente Lula (PT) finalizaria à tarde as medidas de corte de despesas do Orçamento que o mercado vem esperando há dias.
Por volta das 17h40, faltando 15 minutos para o fechamento, o Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, subia 1,56%, para 130.123 pontos. O dólar comercial, cuja negociação se encerra diariamente às 17h, terminou o expediente em queda de 1,48%, vendido a R$ 5,78. O dólar turismo teve baixa de 1,34%, vendido a R$ 6.
A ligeira diminuição da probabilidade de Donald Trump (Republicano) vencer as eleições presidenciais nos Estados Unidos nesta semana também favoreceu os ativos financeiros brasileiros.
O que aconteceu
Depois de atingir, na sexta (1º), o segundo maior valor nominal da história, o dólar se desvalorizou ante o real. O principal motivo da recuperação da moeda brasileira nesta segunda (4) foi a expectativa pelas medidas de corte de gastos a serem anunciadas pelo governo brasileiro.
Haddad afirmou pela manhã que as medidas de contenção de gastos públicos estão "muito avançadas". Em entrevista a jornalistas, o ministro disse que faria uma reunião sobre o tema nesta segunda (4) com o presidente Lula, a quem caberá definir a forma de comunicação das medidas, mas comentou acreditar que é possível apresentar as propostas nesta semana. A pedido do presidente, Haddad cancelou a viagem para a Europa que faria até sábado (9).
O ministro da Fazenda chegou ao Planalto para falar com Lula às 15h30 e foi recebido pelo titular da Casa Civil, Rui Costa. O presidente convocou para participar dessa conversa, também, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e a de Gestão e Inovação, Esther Dweck.
Uma mudança no cenário das eleições americanas também ajudou a derrubar o dólar. Várias pesquisas divulgadas neste fim de semana indicaram uma tímida recuperação da candidata democrata Kamala Harris na corrida eleitoral americana, e isso vem se refletiu no dólar. As variações das sondagens de intenção de voto nos EUA têm ocorrido dentro da margem de erro, mas, segundo Paulo Gala, economista chefe do Banco Master, esse novo resultado já é suficiente para interromper a tendência de alta da moeda.
A possibilidade de uma vitória de Trump fez a moeda americana se valorizar nos últimos dias. Como Trump tem um programa econômico visto como inflacionário, um eventual novo governo do republicano poderia levar a aumentos de juros nos EUA. A hipótese de elevação dos rendimentos da renda fixa americana fez investidores correrem para deixar seus países de origem e migrar para esse tipo de ativo, movimento que requer a compra de dólares e pressiona as cotações da moeda.
Fed
A expectativa pela Super Quarta vem animando os investidores. Depois de amanhã, na quarta-feira (5), tanto o Banco Central do Brasil, quando o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) definem suas novas taxas de juros. A atenção maior é com a taxa americana, principalmente depois da diminuição na geração de vagas, dado que foi divulgado na sexta (1).
Em outubro, foram criadas apenas 12 mil vagas de emprego nos EUA, quando a estimativa era de 110 mil. "Esses dados deixaram o mercado bem otimista sobre a decisão do Fed", diz Rodrigo Cohen, analista de investimentos e cofundador da Escola de Investimentos. Para tentar aquecer o mercado de trabalho americano, o banco pode fazer um corte maior. Agora, na quarta-feira (5), ou nas outras reuniões. Quando os EUA diminuem a taxa de juros, os dólares depositados no Tesouro americano deixam a aplicação e voltam a circular, principalmente em mercados emergentes, como o Brasil.
Em alta, o preço do minério de ferro impulsionou as ações da Vale nesta segunda (4). Quando o valor da commodity sobe, as ações da Vale (VALE3) geralmente acompanham. Foi o que ocorreu hoje. Correspondendo a 11,32% do Ibovespa, VALE3 subiu 0,84%, chegando a R$ 62,55, conforme dados preliminares. O mercado também aguarda o Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo (NPC) da China, que se reúne de hoje a 8 de novembro. Espera-se a divulgação de mais medidas de estímulo para a economia chinesa. A China é a maior compradora de produtos de exportação do Brasil. Se a economia de lá responder aos estímulos e voltar a crescer, é bom para o Brasil.