Último fim de semana de campanha: Harris e Trump tentam convencer eleitores de Estados-pêndulo a "sair de casa para votar"
Foi dada a largada ao sprint final em busca de votos. A disputa é intensa: o foco da candidata democrata Kamala Harris e do republicano Donald Trump até dia 5 de novembro será convencer os eleitores a participarem das eleições.
Daniella Franco, enviada especial da RFI a Boston
Com a disputa eleitoral definida na maioria do país, tanto Kamala Harris como Donald Trump investem neste sábado (02) na Carolina do Norte, um dos Estados-pêndulo que devem decidir a corrida pela Casa Branca. Esse será o quarto dia consecutivo que os rivais estarão na mesma região.
A vice-presidente participará de um comício em Charlotte, enquanto o líder republicano discursará em Gastonia e em Greensboro. A escolha não ocorre à toa: este sábado também é o último dia para o voto antecipado na Carolina do Norte, onde ambos batalham pela conquista dos 16 membros do Colégio Eleitoral.
Kamala Harris também vai estar em Atlanta, no Estado da Georgia, e Trump em Salem, na Virgínia. Enquanto isso, os vice-candidatos a presidente, o democrata Tim Walz e o republicano JD Vance, investem em dois outros Estados-pêndulo: ambos estarão neste sábado em Las Vegas, na capital do Nevada, e no Arizona; Walz em Flagstaff e Vance em Scottsdale, separados por apenas 250 quilômetros.
Estratégia do convencimento
A apenas três dias das eleições, a estratégia de ambas as campanhas é o poder de convencimento. Como nos Estados Unidos o voto não é obrigatório, a meta de Harris e Trump é "tirar as pessoas de casa", diz Maurício Moura, doutor em Economia e Política, professor da Universidade George Washington, na capital americana.
Para atingir esse objetivo, vale tudo: do acirramento dos discursos, cada vez mais violentos, até a convocação de celebridades. Harris contará com o apoio do diretor de cinema Spike Lee em seu comício na Georgia. Walz estará ao lado da atriz Eva Longoria em Las Vegas.
Mas o professor é cético sobre o poder de mobilização desta estratégia. "Eu sou da escola que acha que celebridade não move voto na dimensão que lhe é atribuído", afirma.
Embora reconheça que é positivo para qualquer partido ter o apoio de famosos, o efeito prático, segundo ele, é ínfimo. "Mas qualquer coisa que possa impactar no incentivo para sair de casa para votar, em prol do comparecimento, é importante. Por isso que essas figuras são agregadas à campanha", ressalta.
Eleitorado feminino no apoio à Harris
A reta final da campanha também é marcada pela maior diferença de intenções de votos das eleições presidenciais americanas entre o eleitorado feminino e masculino desde 1980, cerca de 15 pontos, em média. Entre as eleitoras abaixo dos 30 anos, a preferência pela democrata chega a dobrar, segundo pesquisa do instituto Survey Monkey para a NBC News, divulgada na semana passada.
Por isso, a campanha de Harris concentra sua energia na defesa dos direitos reprodutivos femininos, enquanto declarações sexistas de Trump aumentam a rejeição entre as americanas. Por outro lado, o líder republicano conta com um forte apoio do eleitorado masculino jovem, principalmente homens abaixo dos 40 anos com baixo engajamento político e que se informam por veículos de comunicação não tradicionais.
Para Moura, essa é uma das principais características dessa eleição. Por isso, neste fim de semana, Trump deve concentrar os seus discursos ao eleitorado feminino conservador, principalmente às mulheres que são contra o direito ao aborto. "Independentemente de Kamala Harris ganhar ou não, talvez ela seja a candidata à presidência que mais vai conseguir voto do eleitorado feminino", conclui.
Manifestações feministas são organizadas neste sábado nas principais cidades americanas. A maior delas deve ocorrer em Washington, com uma marcha programada para passar diante da Casa Branca.