Filha de nigerianos que defende 'seleção' de imigrantes é nova lider dos conservadores britânicos
O Partido Conservador do Reino Unido elegeu neste sábado (2) Kemi Badenoch, conhecida por suas posições "anti-woke", como sua nova líder, substituindo Rishi Sunak, que renunciou após o desempenho desastroso do partido nas eleições gerais de julho.
Badenoch, de 44 anos, venceu a disputa contra o ex-ministro de imigração Robert Jenrick, conquistando 57% dos votos dos membros do partido. Ela se torna a primeira líder negra de um partido político de alcance nacional no Reino Unido. Badenoch declarou que é uma "enorme honra" assumir a posição, mas reconheceu que "a tarefa que temos pela frente é difícil." Ela enfatizou que o partido precisa ser "honesto sobre o fato de que cometemos erros" e que é "hora de recomeçar."
A ex-ministra das Igualdades, conhecida por seu estilo combativo, agora enfrenta o desafio de reunificar um partido enfraquecido e dividido, que foi afastado do poder em julho, após 14 anos de governo. Como líder da oposição, Badenoch enfrentará o líder trabalhista Keir Starmer semanalmente na tradicional sessão de Perguntas ao Primeiro-Ministro na Câmara dos Comuns, embora com um grupo muito reduzido de parlamentares conservadores após o fraco desempenho nas urnas.
Além de restaurar a confiança do público, Badenoch também precisará conter a perda de apoio para o partido de direita Reform UK, liderado por Nigel Farage, uma figura proeminente do Brexit. Defensora de uma plataforma conservadora e de direita, ela poderá enfrentar dificuldades com parlamentares centristas do próprio Partido Conservador.
Posições e Polêmicas
Filha de pais nigerianos, Badenoch nasceu em Londres e foi criada em Lagos. Ela defende um retorno aos valores conservadores e critica o que vê como um desvio do partido para valores liberais em questões sociais, como identidade de gênero. Durante a campanha, Badenoch causou polêmica ao sugerir que o pagamento de licença-maternidade obrigatório para pequenas empresas seria "excessivo". Ela também gerou críticas ao dizer, em tom de brincadeira, que 10% dos funcionários públicos britânicos "deveriam estar na prisão". Em relação à imigração, Badenoch afirmou que "nem todas as culturas têm o mesmo valor" ao decidir quem deveria ter permissão para viver no Reino Unido.
"Nosso país não é um dormitório para as pessoas virem aqui e fazer dinheiro", afirmou, ao defender que o Reino Unido "escolha a quem recepcionar, recebendo pessoas que tenham os mesmos valores e contribuam com a sociedade".
Jenrick, de 42 anos, também adotou uma posição rígida sobre a imigração e renunciou ao cargo de ministro da Imigração no governo de Sunak após afirmar que o controverso plano de deportar migrantes para Ruanda não ia longe o suficiente.
Badenoch, deputada desde 2017, ganhou notoriedade nos últimos anos como uma crítica incisiva das "políticas de identidade" e se destacou por suas visões de direita. Uma biografia escrita por Michael Ashcroft, chamada "Blue Ambition", diz que Badenoch se "radicalizou" na política de direita durante a universidade no Reino Unido, onde via os ativistas estudantis como uma "elite metropolitana mimada e privilegiada."
Ela insiste que as críticas ao seu estilo abrasivo são mal interpretadas. "Não sou uma pessoa tímida. Muitas vezes, as pessoas transformam suas forças em fraquezas," declarou à Sky News. Antes de entrar para a política, Badenoch trabalhou em tecnologia da informação (TI) e no setor bancário, iniciando sua carreira política ao ganhar uma vaga na Assembleia de Londres em 2015. Eleita para o parlamento dois anos depois, ela contou com o apoio de Michael Gove, uma figura de peso no partido na época, para ascender dentro do Partido Conservador.
Badenoch ocupou diversos cargos ministeriais nos últimos anos do governo conservador, marcando uma trajetória de ascensão rápida desde que entrou no parlamento.