COP 16 da Biodiversidade termina com fracasso nas negociações sobre financiamento
O evento, realizado em Cali, na Colômbia, terminou neste sábado (02) sem conseguir chegar a um acordo sobre o financiamento das etapas traçadas pela humanidade para deter a destruição da natureza até 2030.
As negociações foram suspensas pela manhã pela presidente colombiana da cúpula das Nações Unidas, Susana Muhamad, quando ela constatou a perda do quórum de delegados, que tinham saído para pegar o avião depois de uma noite no plenário.
"Acabou", disse ela à AFP da tribuna de onde elogiava suas equipes, apesar do fracasso de negociações cruciais sobre o financiamento e sobre um mecanismo de monitoramento, supostamente para garantir que os países cumpram os seus compromissos assumidos há dois anos em Montreal para salvar a natureza.
A presidência colombiana, no entanto, comemora ter obtido a adoção de decisões que considerou prioritárias: um estatuto reforçado para os povos indígenas nas COP da Biodiversidade, um texto sobre o reconhecimento dos "afrodescendentes" e a implementação de um fundo multilateral.
Este último visa partilhar com os países em desenvolvimento os lucros obtidos pelas empresas graças ao genoma digitalizado de plantas e animais nos seus territórios.
Depois de mais de dez horas de amargos debates noturnos no sábado (02), os países tinham, finalmente, abordado o assunto mais explosivo da conferência: como alcançar até 2030 o objetivo de aumentar os gastos globais para salvar a natureza para US$ 200 bilhões por ano, incluindo US$ 30 bilhões em ajuda dos países ricos.
Para conseguir isso, a presidência colombiana apresentou um roteiro que inclui a criação de um novo fundo para a natureza, recusado pelos países ricos, hostis à multiplicação de fundos multilaterais de ajuda ao desenvolvimento.
Como era de se esperar, o discurso do Brasil, primeiro apoiador da presidência colombiana, em resposta aos da União Europeia, do Japão e do Canadá, revelou posições ainda congeladas após doze dias de cúpula.
O Panamá solicitou então à presidência colombiana que verificasse o quórum, o que motivou a suspensão da sessão plenária de encerramento.
"É claro que isto torna o potencial mais fraco e mais lento" do processo da ONU, que deveria remediar a crise natural que ameaça a prosperidade da humanidade, declarou Muhamad.
"O governo colombiano mobilizou-se muito (...) o povo colombiano deu tudo, (...) mas no final depende das partes e do processo de negociação", justificou ela.
(Com AFP)