Com seu futuro político em xeque e influência questionada dentro da direita, Jair Bolsonaro procura se manter relevante no cenário eleitoral para a disputa presidencial em 2026, afirmou o colunista Josias de Souza no UOL News desta sexta (1º).
Em entrevista à revista Veja, Bolsonaro disse planejar o registro de sua candidatura para as eleições de 2026 e que tentará recuperar seus direitos políticos via projeto de anistia ou com uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal). O poder de liderança do ex-presidente, porém, sofreu um golpe nas eleições municipais: apenas sete dos 25 candidatos apoiados por ele venceram as disputas municipais no segundo turno.
A estratégia se assemelha à do Lula, inclusive naquilo que resultou na indicação de Fernando Haddad para representar o PT na disputa presidencial de 2018. Bolsonaro tenta obter uma reabilitação para participar das eleições de 2026, o que é muito improvável. Não conseguindo, tenta se manter vivo politicamente para influir na escolha do candidato conservador que disputará com Lula.
Ele imagina que terá influência na escolha do candidato e também na campanha dele. Esse é o jogo dele. Bolsonaro tenta se manter vivo. Hoje, está como um zumbi político, rondando a conjuntura política. Saiu enfraquecido das eleições municipais e perdeu na maior parte das cidades nas quais tentou impor o projeto de uma candidatura radical. O jogo dele é mimetizar a estratégia do Lula. Josias de Souza, colunista do UOL
Embora veja semelhanças entre o plano de Bolsonaro e o percurso traçado por Lula após sua condenação, Josias vê o tempo como um obstáculo duro para a pretensão do ex-presidente se lançar como candidato em 2026.
Bolsonaro está adotando exatamente a mesma estratégia política do Lula. O roteiro é idêntico ao adotado por Lula desde que foi condenado na Lava Jato e, depois, reabilitado pelo STF, tornou-se presidente pela terceira vez. Ocorre que os fatos são distintos, e as chances de Bolsonaro obter uma redenção que o reabilite para disputar a presidência são escassas.
No caso dele, o calendário conspira contra. Ele está inelegível e ainda não enfrentou as pendências criminais que o assediam. São muitos inquéritos em curso. Todo esse contencioso judicial ainda está por vir. É improvável que Bolsonaro seja julgado neste ano. Isso vai entrar por 2025, e a primeira condenação deve chegar do meio para o final do ano que vem. É muito difícil que depois ele consiga uma anulação dessa sentença. Josias de Souza, colunista do UOL
Tales: Lira terá que dizer para qual demônio está jogando
Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, precisa esclarecer de qual lado está em relação ao projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, afirmou o colunista Tales Faria.
Na Idade Média, havia um personagem chamado Mefistófeles, um aliado do demônio encarregado de atrair as almas inocentes pela arma da sedução. Lira tem alguma coisa muito parecida com Mefistófeles: ele atrai almas, mas que não são tão inocentes assim.
Nesse caso, atraiu o PL e o PT para apoiar a candidatura de Hugo Motta, o nome que escolheu para ser seu sucessor. Aparentemente, prometeu aos dois lados uma solução para o problema do projeto de anistia do Bolsonaro. O PL exigia a votação; o PT, a não votação. Aí ele diz, e repete isso, que haverá uma solução no mandato dele. Tales Faria, colunista do UOL
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Múcio defende anistia a casos leves do 8/1, mas exclui Bolsonaro
José Múcio mostrou-se favorável à anistia dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 que cometeram infrações consideradas leves. Em entrevista ao UOL News, o ministro da Defesa defendeu, porém, punições aos mentores do caso, como membros da alta cúpula das Forças Armadas e o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Deve-se graduar as penas. Deve ser uma para quem organizou; quem foi uma marionete, é outra coisa. Quem quebrou uma cadeira não pode ser responsável por quem fez outras coisas. Devemos graduar, mas não politizar isso. Deve ser uma ação da Justiça. Sou a favor da anistia dos casos leves. José Múcio, ministro da Defesa
Questionado pelo colunista do UOL Tales Faria se essa anistia incluiria Bolsonaro, Múcio respondeu de forma sucinta: "Não".
Quem do Exército cometeu indisciplina e arbitrariedades? Quero que a suspeição saia do CNPJ das armas e vá para o CPF. Quero que cada um se responsabilize por sua iniciativa. Devemos às Forças Armadas não ter havido algo muito complicado no dia 8 de janeiro. Graças a elas não tivemos um golpe. José Múcio, ministro da Defesa
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