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Por que o desemprego nos EUA pode mexer com a economia brasileira?

Número de desempregados se manteve estável nos EUA - PickPik
Número de desempregados se manteve estável nos EUA Imagem: PickPik
do UOL

Alexandre Novais Garcia

Do UOL, em São Paulo

01/11/2024 14h20

Os dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos, divulgados nesta sexta-feira (1º), atraem os olhares dos economistas do Brasil e do mundo inteiro. As preocupações envolvem a importância da economia norte-americana para a condução das políticas fiscais e a definição das taxas de juros ao redor do mundo.

O que aconteceu

Mercado de trabalho dos EUA mantém estabilidade em outubro. Segundo dados publicados nesta sexta-feira (1º) pelo Departamento do Trabalho, a taxa de desemprego norte-americana permaneceu em 4,1%. O resultado ocorre com a criação de 12 mil postos de trabalho fora do setor agrícola no mês.

Números revelados sinalizam para perda de força das contratações. A abertura de postos de trabalho aparece aquém da criação de 223 mil vagas no mês de setembro. O resultado foi influenciado por ocorrências adversas, a exemplo de furacões e greves de trabalhadores nas empresas automotivas e na Boeing.

Esse número de hoje é muito poluído, porque você teve eventos que afetaram as contratações. As empresas fecharam e acabaram não contratando ou colocaram os trabalhadores em licença temporária.
Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset,

Dados reforçam atenção para a condução da política monetária. Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, explica que os dados do mercado de trabalho dos EUA são um "termômetro para a economia global". Segundo ele, a desaceleração da economia norte-americana abre caminho para o corte de juros com o objetivo de estimular o crescimento.

Expectativas apontam para novo corte da taxa de juros nos EUA. O Federal Reserve, banco central norte-americano, se reúne na próxima quinta-feira (7) para definir os rumos da condução monetária. As previsões sinalizam para o corte de 0,25 ponto percentual da taxa de juros, para o patamar entre 4,5% e 4,75% ao ano. Diante dos fatores atípicos, Adauto Lima prevê apenas um "peso menor" na análise da decisão.

Atenção global

Rumo da taxa de juros nos EUA atrai a atenção dos bancos centrais. Carla Beni, integrante do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia de São Paulo), explica que as definições norte-americanas tendem a gerar um efeito cascata global. "Com a economia americana mexendo na sua taxa de juros, todas as outras economias acabam seguindo essa tendência", avalia.

Se os dados de emprego e salário nos Estados Unidos são positivos e não geram mais tanta preocupação inflacionária como antigamente, os juros podem ser cortados e isso também é bom para as economias globais.
Enrico Cozzolino, sócio da Levante Investimentos

Com outras preocupações, Brasil tende a seguir na contramão. Adauto Lima explica que o Copom (Comitê de Política Monetária) vê o mercado de trabalho norte-americano como determinante para a avaliação do prêmio de risco e a evolução da taxa de câmbio. Ele, no entanto, reconhece que "problemas domésticos" guiam a preocupação atual. "A demanda doméstica muito aquecida representa riscos inflacionários", diz ele.

Claro que a política americana é importante por determinar os prêmios de risco, mas não é por isso que o Copom está subindo os juros. A inflação está convergindo para o teto da meta.
Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset

Brasil tende a se beneficiar com corte de juros nos Estados Unidos. "Esse cenário reduz o prêmio de risco que o Brasil, como emergente, precisa pagar com a redução do juro americano. Então, isso também é positivo no sentido de captar investimentos estrangeiros", destaca Enrico Cozzolino, sócio e head de análises da Levante Investimentos, ao citar a busca por ganhos mais expressivos.

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