Coreia do Norte promete apoiar Rússia "até vitória" na Ucrânia
Pyongyang apoiará a Rússia até a "vitória" na Ucrânia, disse nesta sexta-feira (1º) a ministra das Relações Exteriores da Coreia do Norte em Moscou, Choe Son Hui. Os Estados Unidos alertaram que milhares de tropas norte-coreanas poderiam ser enviadas para lutar na guerra contra a Ucrânia ao lado da Rússia nos próximos dias.
"Nossas relações tradicionais e historicamente amigáveis, que resistiram ao tempo, agora estão alcançando um novo nível", disse a ministra a Sergei Lavrov.
Pyongyang, acrescentou, não tem dúvidas de que a "liderança sábia" de Vladimir Putin levará o Exército e o povo russos "a uma grande vitória". Choe Son Hui reiterou que a Coreia do Norte permaneceria "ao lado dos camaradas russos" até o dia da vitória, após se reunir com o ministro das Relações Exteriores russos, Serguei Lavrov.
A comunidade internacional estima que até 10.000 soldados norte-coreanos estejam treinando na Rússia e prestes a entrar no conflito com a Ucrânia, que começou há mais de dois anos.
Segundo os serviços de Inteligência americanos, algumas dessas tropas foram deslocadas para Kursk, na fronteira russa. Os EUA e a Coreia do Sul exigiram que a Coreia do Norte retirasse seu Exército.
Vladimir Putin assinou um pacto de defesa com Pyongyang em junho e reforçou as relações bilaterais com o país. O presidente russo também prometeu que a Coreia do Norte continuaria desenvolvendo seu programa nuclear.
Os dois países não desmentiram os relatórios dos serviços secretos dos países ocidentais que citam a mobilização das tropas norte-coreanas na Ucrânia e não mencionaram os casos em suas declarações após o encontro.
O ministro russo elogiou os "vínculos entre os Exércitos", que segundo ele, "permitirá resolver objetivos de segurança para os cidadãos dos dois países", acrescentou, sem dar mais detalhes.
Rússia "agradece ajuda na Ucrânia"
Lavrov declarou que a Rússia estava "profundamente grata" à Coreia do Norte por seu posicionamento em relação à Ucrânia.
A ofensiva russa no país, lançada em fevereiro de 2022, distanciou ainda mais o Ocidente e Moscou, que têm o apoio principalmente da Coreia do Norte e do Irã.
O ministro russo disse que a visita de Putin a Pyongyang em junho deu início a uma "nova etapa" nas relações.
A Coreia do Norte provavelmente já enviou armas para a Rússia, mas a presença de tropas no país aumentaria as tensões com o restante da comunidade internacional.
Os Estados Unidos afirmaram na quinta-feira (31) que ainda não tinham relatos de tropas sendo enviadas para o front, mas que isso poderia acontecer "nos próximos dias".
O secretário de Defesa, do país, Lloyd Austin, disse que os 10 mil soldados norte-coreanos que estão a caminho "não conseguiram substituir as tropas que os russos perderam".
O presidente ucraniano Volodimir Zelensky denunciou na quinta-feira o que descreveu como "falta de ação" de seus aliados em relação às tropas norte-coreanas e se disse surpreso com o "silêncio" da China.
Teste de novo míssil
A Coreia do Norte testou um novo míssil balístico intercontinental (ICBM) de combustível sólido, chamado Hwasong-19, de acordo com a mídia estatal norte-coreana, que divulgou a informação nesta sexta-feira.
O Hwasong-19 atingiu uma altitude máxima de 7.687,5 quilômetros e voou 1.001,2 quilômetros por 85 minutos e 56 segundos, antes de cair no mar entre o Japão e a Rússia.
A agência de notícias estatal norte-coreana KCNA qualificou o Hwasong-19 de "o míssil estratégico mais poderoso do mundo".
"O novo tipo de ICBM provou ao mundo que a posição hegemônica que conquistamos no desenvolvimento e fabricação de sistemas de lançamento nuclear do mesmo tipo é absolutamente irreversível", disse o líder Kim Jong-un ao supervisionar o lançamento, informou a KCNA.
O lançamento, realizado poucos dias antes da eleição presidencial dos EUA na terça-feira, 5 de novembro, foi condenado por Washington e seus aliados na Coreia do Sul, Japão e Europa, e pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
Com informações da AFP