Apoiadores de ex-presidente Evo Morales tomam quartel na Bolívia e fazem soldados reféns
Apoiadores do ex-presidente boliviano Evo Morales fizeram cerca de 20 soldados reféns na sexta-feira (1º), após tomarem um quartel na região de Chapare, no centro da Bolívia, de acordo com fontes militares. Os apoiadores de Morales bloqueiam as principais estradas do país desde 14 de outubro, num sinal de apoio ao seu líder, alvo de uma investigação por acusação de estupro de uma adolescente.
"Grupos armados irregulares" tomaram um quartel, "fazendo soldados de reféns" e roubando "armas e munições", afirmam as Forças Armadas num comunicado publicado na rede social X.
Uma fonte da Defesa disse à agência France-Presse, sob condição de anonimato, que cerca de "20" soldados foram capturados.
O presidente boliviano, Luis Arce, exigiu na quarta-feira (30) "o fim imediato de todos os bloqueios rodoviários" estabelecidos há 17 dias no país, por apoiadores do ex-presidente Evo Morales.
"Não pode haver diálogo sem o fim dos bloqueios e das medidas de pressão que estrangulam" o país, declarou Luís Arce numa mensagem à nação. "Exigimos, portanto, o levantamento imediato de todos os pontos de bloqueio", acrescentou.
Apoiadores de Evo Morales, presidente entre 2006 e 2019, bloqueiam as principais estradas do país desde 14 de outubro, em apoio ao líder, investigado pelo suposto estupro de uma adolescente, quando estava no poder. Seus advogados afirmam que o caso já foi investigado e encerrado em 2020.
Falta frango
Evo Morales diz que é vítima de uma "perseguição judicial" orquestrada pelo governo do presidente Arce, seu antigo aliado e agora rival na candidatura do partido no poder às eleições presidenciais de 2025. Apesar de ter sido inabilitado, o ex-presidente quer concorrer novamente ao cargo. No domingo (27), ele afirmou ter sido alvo de uma tentativa de assassinato, considerada como uma "encenação" pelo governo.
Uma das consequências dos bloqueios é a escassez de alguns alimentos básicos na capital, La Paz, como o frango. Para remediar esta situação, o governo decidiu criar uma ponte aérea para entregar diariamente 40 mil quilos do produto aos moradores da capital.
Apesar da medida de emergência, as quantidades são insuficientes para responder à demanda e os preços altos.
As autoridades bolivianas estimam que o bloqueio causa prejuízos diárias de cerca de U$ 99 milhões (cerca de R$ 580 milhões). Se a situação persistir, poderá afetar a produção de carne para as festas de final de ano.