Quem são Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, que vão a júri pelo caso Marielle
O julgamento dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz começa nesta quarta-feira (30), no 4º Tribunal do Júri do Rio. O Ministério Público busca a condenação máxima dos dois, réus confessos dos homicídios da vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018. A pena pode chegar a 84 anos de prisão.
Quem são eles?
Ronnie Lessa, 54, é ex-sargento reformado da Polícia Militar. Quando foi detido, em 2019, ostentava um padrão de vida acima de seus rendimentos oficiais de R$ 7 mil como sargento da reserva. Ele morava em um condomínio na Barra da Tijuca, cujas casas são avaliadas em pelo menos R$ 3 milhões. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem sua residência no Rio no mesmo condomínio.
É considerado um exímio atirador. Ele se envolveu com a contravenção do Rio, atuava como segurança de bicheiros e prestava serviços como matador de aluguel, segundo a polícia.
Lessa admitiu ter atirado contra Marielle e Anderson. Segundo a investigação, ele usou uma submetralhadora HK MP5 e efetuou 13 disparos contra o carro da vereadora.
Élcio de Queiroz, 51, é ex-policial militar do Rio de Janeiro. Ele foi expulso da corporação por fazer a segurança ilegal em uma casa de jogos de azar e depois se dedicou a tarefas à margem da lei.
Queiroz afirma ter sido o motorista do carro que seguiu Marielle e Anderson pelo centro do Rio. Ele também está preso desde 2019 e, depois de quatro anos, decidiu falar. Em delação premiada, confessou ter participado de todo o planejamento do crime, monitorado a vereadora e de ter dirigido o carro, um Cobalt prata, para Lessa fazer os disparos.
Armas teriam sido descartadas. De acordo com o Ministério Público, os criminosos se livraram das armas utilizadas no crime jogando-as no mar, na Barra da Tijuca, local onde Lessa vivia e seu reduto de ações ligadas a um grupo miliciano.
Irmãos Brazão seriam mandantes. Em delação premiada à PF, Lessa afirmou que foi contratado por Domingos Brazão, conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado), e por Chiquinho Brazão (sem partido), deputado federal, para assassinar a vereadora. Eles negam envolvimento no crime.
Chefe da Polícia Civil recebeu propina, segundo Lessa. O delator também disse que o delegado Rivaldo Barbosa, que assumiu a chefia da Polícia Civil um dia antes do crime, recebeu propina para proteger os atiradores e os mandantes dos assassinatos. Ele também nega.
Motivação do crime seria grilagem de terras na zona oeste da capital fluminense. Segundo Lessa, Marielle se opôs numa discussão na Câmara dos Vereadores sobre um texto que previa flexibilizar exigências legais, urbanísticas e ambientais para a regularização de imóveis.
*Com informações do Estadão Conteúdo