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PIB dos EUA tem crescimento sólido, mas abaixo do esperado antes das eleições

30/10/2024 11h15

A economia dos Estados Unidos teve um crescimento sólido, de 2,8% no terceiro trimestre, mas abaixo do esperado, segundo dados oficiais divulgados nesta quarta-feira (30), seis dias antes das eleições presidenciais. 

A maior economia do mundo cresceu no período de julho a setembro impulsionada pelo consumo e gastos públicos. O crescimento de 2,8% é inferior aos 3% no segundo trimestre, segundo a estimativa preliminar do Departamento de Comércio. 

Os analistas esperavam um crescimento do PIB de 3%, segundo o consenso do Briefing.com.

- Estado de ânimo -

Apesar de gastarem mais, os consumidores americanos têm sido pessimistas em relação às perspectivas financeiras e de emprego. 

A vice-presidente e candidata democrata Kamala Harris continua atrás do seu rival, o republicano Donald Trump, nas pesquisas de opinião sobre a economia, uma questão crucial para os eleitores antes das eleições de 5 de novembro. 

Harris garantiu nesta quarta-feira que tem "um plano muito preciso e detalhado para reforçar" a economia, e acusou seu rival republicano Donald Trump de ter uma estratégia que "enfraqueceria" o desempenho econômico do país.

Biden elogiou a "economia mais sólida do mundo", em um comunicado após a divulgação da estimativa.

"Se olharmos para números como o crescimento do PIB, a renda, o consumo, ou mesmo o emprego, diríamos: 'Uau, esta economia está em muito boa forma'", disse Dan North, economista da Allianz Trade North America. 

"A única coisa que destrói completamente essa narrativa é a inflação com a qual os consumidores tiveram de lidar", disse à AFP. 

Estes 2,8% dos Estados Unidos estão bem acima de outras economias avançadas como Alemanha, França e Reino Unido, segundo estimativas recentes do Fundo Monetário Internacional.

O Departamento de Comércio relacionou o aumento do PIB a "aumentos nos gastos dos consumidores, nas exportações e nos gastos do governo federal".

Uma pesquisa do New York Times e Siena College realizada em outubro com possíveis eleitores publicada na semana passada, mostrou que a economia é um tema prioritário para decidir o voto.

A sondagem revelou que 52% dos entrevistados confiam mais em Trump do que em Harris (45%) para capitanear o barco da economia.

- Inflação "difícil de digerir" -

North explica que desde janeiro de 2021, os consumidores americanos perderam poder de compra. 

Desde então, os salários aumentaram em média 18%, enquanto os preços dos alimentos, da habitação e dos combustíveis subiram entre 22% e 29%. 

É por esta razão que os eleitores acreditam que a economia, embora dinâmica, está à deriva, apesar do crescimento sólido, do forte desempenho do mercado de trabalho e do aumento dos salários. 

"Será que o cidadão médio se importa se o PIB é de 2,8% ou 3,1%? Não, eles querem saber como a inflação o afeta", disse North. O aumento de preços "tem sido bastante difícil de engolir nos últimos anos". 

Devido aos trabalhadores estarem habituados a um aumento real do poder de compra antes da pandemia do coronavírus, muitos ainda sentem que seus salários precisam ser atualizados, acrescentou.

"Os consumidores e as empresas continuarão gastando, mas de forma mais prudente, em um contexto de custos e taxas ainda altos", resumiu Greg Daco, economista-chefe da EY, para quem o crescimento no quarto trimestre deverá rondar os 1,5-2%.

- Dependência excessiva do crédito -

Os consumidores também estão recorrendo aos cartões de crédito e às poupanças para pagar despesas, o que pressiona as famílias com rendimentos mais baixos e os mais jovens. 

Economistas alertam para um aumento dos atrasos nos pagamentos com cartões de crédito nos últimos anos. 

Segundo um relatório publicado em julho pelo Federal Reserve da Filadélfia, a taxa de inadimplência entre os usuários de cartões atingiu o maior nível em quase 12 anos no primeiro trimestre deste ano.

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© Agence France-Presse

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