Caso de criança atingida por bala perdida alerta sobre aumento da violência ligada ao tráfico na França
O jornal Le Monde aborda em uma reportagem publicada nesta quarta-feira (30) a preocupação cada vez maior das autoridades francesas com a violência urbana associada ao narcotráfico. Os moradores de Rennes, na região da Bretanha, a cerca de 300 km de Paris, viveram um fim de semana de comoção, depois que uma criança de 5 anos foi baleada na cabeça durante uma troca de tiros entre traficantes.
O jornal Le Monde aborda em uma reportagem publicada nesta quarta-feira (30) a preocupação cada vez maior das autoridades francesas com a violência urbana associada ao narcotráfico. Os moradores de Rennes, na região da Bretanha, a cerca de 300 km de Paris, viveram um fim de semana de comoção, depois que uma criança de 5 anos foi baleada na cabeça durante uma troca de tiros entre traficantes.
O Le Monde fala em "uma onda de violência nunca vista antes na capital bretã". O jornal afirma que o bairro de Maurepas, onde aconteceu o incidente da bala perdida no último sábado (26), enfrenta uma "guerra entre traficantes que disputam o controle de pontos de venda das drogas".
O jornal indica que na cena protagonizada por bandidos encapuzados, havia um homem de 29 anos que pertenceria supostamente a uma facção rival, mas que no momento do ocorrido levava o filho de 5 anos para a casa da mãe, no banco de trás de um carro. Ao se sentir seguido por um veículo enquanto dirigia, o homem fugiu, o que originou uma perseguição e troca de tiros. A polícia especializada interveio na ação criminosa. Um disparo atingiu o menino perto da cabeça. A criança de 5 anos já foi submetida a duas cirurgias, mas, segundo o Le Monde, ainda corre risco de morte.
O caso ganhou repercussão na região. Frequentemente descrita como uma cidade com boa qualidade de vida, "Rennes não escapou de uma explosão de violência orquestrada por traficantes de drogas", constata o Le Monde.
Leia tambémNarcotráfico na França teve "crescimento sem precedentes" com influência de grupos sul-americanos
De acordo com o jornal, o ministro do Interior, Bruno Retailleau, está disposto a travar uma "guerra" contra as facções de narcotraficantes que controlam esse bairro e já teria encarregados especiais atuando na cidade.
"A presença da polícia tem o objetivo de tranquilizar as pessoas que querem viver em paz. A segurança é uma de nossas principais prioridades", insistiu Amaury de Saint-Quentin, presidente da região da Bretanha, em entrevista à publicação.
Pandemia favoreceu fortalecimento de grupos de narcotraficantes
"Esse tiroteio é um evento marcante", disse Nathalie Appéré, prefeita de Rennes pelo PS (Partido Socialista), ao jornal. Ela explica que "desde a Covid, o tráfico de drogas se tornou mais poderoso e mais bem organizado. Ele está crescendo a uma taxa fenomenal em todo o país. Não há limites para a violência desencadeada pelos bandidos", lamenta.
Para combater essa escalada de violência, a prefeitura de Rennes informou a instalação de 4.500 câmeras de segurança nas ruas. Um grande programa de modernização urbana está em andamento, com a remodelação de conjuntos residenciais onde famílias de baixa renda pagam aluguéis mais baratos, financiados pelo programa social de habitação, assim como melhorias no transporte público. É nesses bairros que as redes de traficantes recrutam menores para o crime organizado e aterrorizam os moradores.
A prefeita Nathalie Appéré disse ao Le Monde saber do impacto do tráfico de drogas na França e assumiu estar em sintonia com o ministro Bruno Retailleau nessa questão. "Temos uma guerra a travar contra o tráfico de drogas, todos nós juntos. A França é um grande país que tomou medidas contra o terrorismo há dez anos. A resposta ao tráfico de drogas deve ocorrer na mesma escala", disse a prefeita.
Leia tambémPoder paralelo do tráfico de drogas ameaça estabilidade de instituições na França, diz levantamento