Dólar vai a R$ 5,78; Bolsa tem instabilidades nesta quarta
O dólar começou o pregão desta quarta-feira (30) no nível mais elevado em mais de três anos. A moeda sobe agora 0,40%, indo a R$ 5,783. O dólar turismo avançou para R$ 6.
A Bolsa de Valores de São Paulo trabalha ainda com instabilidades. Por volta das 11h, tinha leve queda de 0,01%, com o Ibovespa indo a 130.907 pontos.
O que está acontecendo?
Na terça-feira (29) a moeda americana chegou aos R$ 5,76, patamar mais alto desde março de 2021. Dois motivos estressaram o dólar e também a Bolsa ontem e podem continuar provocando confusão hoje. O primeiro foi a indefinição sobre quando o governo deve lançar medidas de corte de gastos. No fim da tarde de ontem, depois de sair de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse não ter uma definição sobre a data ou a extensão dos cortes. "A ausência de medidas claras de corte de gastos contribui para esse movimento especulativo, típico em momentos de expectativa", diz Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas,
O outro motivo continua sendo o "Trump Trade". Desde que as pesquisas começaram a mostrar a possibilidade de uma vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos, o dólar vem se valorizando no mundo todo. Caso ele vença, suas propostas — cortes agressivos de impostos, aumentos massivos de tarifas, deportações em massa, desregulamentação, forte redução do governo federal — podem gerar um aumento da inflação, ou da expectativa dela.
Isso interromperia o ciclo de corte de juros que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) iniciou em setembro. Sem cortes, o dinheiro dos investidores do mundo todo continua no Tesouro americano e faz falta nos mercados emergentes, como o Brasil.
Dados de emprego e do ritmo da economia americana também influenciam no dólar nesta quarta.
A economia americana cresceu menos que o esperado. O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos (EUA) ficou em 2,8% no terceiro trimestre de 2024 (taxa anualizada). O dado foi divulgado nesta manhã pelo Bureau of Economic Analysis (BEA). O resultado veio levemente abaixo das expectativas do mercado, que era de uma alta de 3,1%. Nesta primeira leitura, o número mostra que a economia americana recuou em relação ao segundo trimestre, quando o PIB cresceu 3%.
Mas o mercado de trabalho está aquecido. As empresas privadas contrataram 233 mil novos trabalhadores em outubro, bem mais que os 159.000 revisados do período anterior. Os números são da empresa de dados ADP. Foi o melhor mês para criação de empregos desde julho de 2023. Os números contrariaram as expectativas de uma desaceleração em outubro após dois furacões brutais e greves na fabricante de aviões Boeing e em portos na costa leste.
Esses dados dão pistas sobre o que o Fed pode fazer com os juros no dia 5 de novembro. No entanto, os sinais são mistos. Enquanto o PIB poderia levar o banco a um corte maior, os indícios de mais força no mercado de trabalho podem significar resistência da inflação e, portanto, levar o BC americano a um corte menor.
Quanto mais incerteza, mais o mercado corre para ativos seguros. E o dólar é um deles. Por isso, a moeda americana continua subindo.
Alívio?
O preço dos produtos básicos pode dar um impulso a certas ações hoje. O petróleo avança em torno de 2% nesta manhã. Até o momento, as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) têm uma leve alta. PETR3 sobe 0,31%, para R$ 39,34 e PETR4 vai a R$ 36,16, com alta de 0,42%.
A alta de 20% no lucro da fabricante de motores elétricos Weg (WEGE3) também poderia ajudar. A empresa, que é uma das queridinhas dos investidores, teve lucro líquido de R$ 1,58 bilhão no terceiro trimestre, salto de 20,4% sobre o desempenho de um ano antes, mas dentro do esperado pelo mercado. A ação da empresa tem peso de 3,44% no Ibovespa.