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Mercado financeiro prevê inflação de 2024 acima do teto da meta pela 1ª vez

Sérgio Castro/Estadão Conteúdo
Imagem: Sérgio Castro/Estadão Conteúdo
do UOL

Do UOL, em São Paulo (SP)

28/10/2024 08h28

Os analistas do mercado financeiro consultados semanalmente pelo BC (Banco Central) elevaram, pela quarta semana consecutiva, as expectativas de inflação para este ano. Os dados divulgadas nesta segunda-feira (28) estimam que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) terminará 2024 com alta de 4,55%. A projeção é a primeira a sinalizar que a inflação vai furar o teto da meta neste ano.

Como deve ser a inflação

Mercado financeiro prevê inflação em 4,55% neste ano. A variação estimada corresponde à quarta alta consecutiva das previsões para o IPCA. Há uma semana, a aposta era de alta do índice em 4,5%. Há quatro, a projeção sinalizava para uma alta de 4,37%.

Projeção é a primeira a mostrar o IPCA acima do teto da meta. O intervalo estabelecido pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) determina que o IPCA deve terminar este ano em 3%. O valor tem margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, entre 1,5% e 4,5%.

Expectativas saltaram 0,6 ponto percentual desde janeiro. A mediana das projeções para o IPCA de 2024 era de 3,9% em 2 de janeiro. O percentual caiu para a faixa de 3,7% em abril e voltou a subir até a previsão atual de inflação acima do teto da meta.

BC avalia que chance de o IPCA furar o teto da meta é de 36%. A projeção foi apresentada no último RTI (Relatório Trimestral de Inflação), divulgado em setembro. O valor é 8 pontos percentuais superior à estimativa de junho.

Para este mês de outubro, a previsão é que o IPCA apresente alta de 0,51%. Isso representa que a inflação deve ganhar força diante do avanço de 0,44% dos preços em setembro, que representou a maior alta para o mês desde 2021. Para novembro e dezembro, as projeções são de alta do índice oficial são de 0,2% e 0,5%, respectivamente.

Previsão para os preços administrados subiu para 5,08%. Em alta pela oitava semana consecutiva, as expectativas mostram um avanço de 5,06% dos valores. O índice avaliado incluí o preço dos combustíveis, planos de saúde e energia elétrica.

Furo da meta obriga BC a enviar carta ao governo. Caso a nova expectativa seja confirmada, o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, vai precisar justificar a ocorrência ao Ministério da Fazenda. Isso acontece porque a perseguição da meta é uma das funções do BC.

As expectativas para a inflação de 2025 também subiram, de 3,99% para 4%. Já para os anos de 2026 e 2027, as projeções permanecem estáveis em, respectivamente, 3,6% e 3,5%.

Como devem ficar os juros

Mercado vê mais duas elevações da taxa Selic neste ano. As projeções consideram dois avanços de 0,5 ponto percentual dos juros básicos, dos atuais 10,75% ao ano para 11,75% ao ano. Os próximos dois encontros do Copom (Comitê de Política Monetária) acontecem em novembro e dezembro.

As projeções para 2025, 2026 e 2027 seguem estáveis. As estimativas apontam que a taxa básica de juros chegará ao final do próximo ano em 11,25% ao ano. Para 2026 e 2027, os analistas preveem que o ritmo de cortes da Selic será mantido para, respectivamente, 9,5% ao ano e 9% ao ano.

Estimativas de inflação mais alta influenciam na definição dos juros. As apostas para a Selic consideram que a taxa é a principal ferramenta de política monetária para conter o avanço da inflação. A avaliação considera que os juros mais baixos estimulam o consumo e, consequentemente, ocasionam na alta dos preços.

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