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Julgamento de Gérard Depardieu por agressão sexual é adiado para março de 2025 em Paris

28/10/2024 13h29

Gérard Depardieu, alvo de inúmeras acusações de violência sexual, não compareceu ao tribunal de Paris, conforme era previsto na convocação ao ator para comparecimento nesta segunda-feira (28). O julgamento por agressão sexual a duas mulheres durante filmagens foi adiado para 24 e 25 de março de 2025. Cerca de cem pessoas, a maioria mulheres, se manifestaram do lado de fora do tribunal.

O ator e cineasta francês Gérard Depardieu, que também é empresário no ramo da viticultura, não compareceu nesta segunda-feira ao seu julgamento no tribunal de Paris por acusações de violência sexual. "Infelizmente, seus médicos determinaram a proibição de seu comparecimento", disse o advogado do ator, Jérémie Assous, ao chegar à audiência, acrescentando que pediria ao tribunal um adiamento de seis meses para que Gérard Depardieu pudesse se defender. 

Gérard Depardieu está sendo processado "por agressões sexuais provavelmente cometidas em setembro de 2021 em detrimento de duas vítimas, no set do filme 'The Green Shutters' de Jean Becker", de acordo com o promotor público. 

"Gérard Depardieu pretende comparecer ao tribunal criminal", continuou seu advogado. "Ele está ansioso para se defender, já que por mais de três anos um grande número de imprecisões, informações falsas e mentiras foram transmitidas", alegou. 

Assous declarou à AFP que Gérard Depardieu é "o alvo de falsas acusações" e que "o objetivo dos pedidos de indenização seria de 'enriquecer' com € 30 mil", fazendo referência ao valor pedido pela defesa das vítimas, equivalente à cerca de R$ 185 mil. 

Comoção feminina

"É importante que Depardieu esteja presente na audiência", disse Carine Durrieu-Diebolt, advogada de uma das acusadoras, concordando com o pedido de adiamento. O promotor público também invocou a necessidade de ouvir o réu o mais rápido possível e após um exame médico. 

Na sala de audiências, todos os bancos foram ocupados, principalmente por membros de associações feministas, mas também por mulheres que denunciaram agressões por parte de Gérard Depardieu anteriormente. Cerca de cem pessoas, em sua maioria mulheres, manifestaram-se do lado de fora do tribunal. 

Uma das duas mulheres que acusa Depardieu, uma cenógrafa de 55 anos, havia apresentado uma queixa em fevereiro de 2024 contra o ator - que está sendo investigado por estupro em outro caso - por agressão sexual, assédio sexual e abuso sexista durante as filmagens, o que levou à abertura de uma investigação. De acordo com a autora da ação, os supostos atos ocorreram em setembro de 2021, em uma mansão particular no 16º distrito de Paris.  

"Espero que a justiça seja a mesma para todos e que Depardieu não receba tratamento especial por ser um artista", insistiu a advogada Carine Durrieu-Diebolt.

Detalhes da agressão pela vítima

Em seu relato ao site investigativo Mediapart, Depardieu explicou que, durante uma conversa, ele de repente gritou que queria um "ventilador" porque não conseguia "nem mesmo se levantar mais" com aquele calor, e depois afirmou que podia "fazer as mulheres gozarem sem tocá-las". 

Uma hora depois, ele supostamente "agarrou-a brutalmente" quando ela estava saindo do set. Depardieu então "a bloqueou fechando as pernas sobre (ela) como um caranguejo", depois "amassou sua cintura, seu estômago, até (seus) seios", afirmou ela. Ele também teria feito "comentários obscenos", como "Venha e toque no meu grande guarda-sol, vou enfiá-lo na sua b...", disse, numa referência ao órgão sexual feminino. 

"Minha cliente está esperando que os tribunais decidam que Gérard Depardieu é um abusador sexual em série", acrescentou Carine Durrieu-Diebolt. 

O ator também será julgado por violência sexual alegada por outra mulher, uma assistente de direção do mesmo filme.  

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Ameaçado com outro julgamento 

Gérard Depardieu, o astro do cinema francês mundialmente famoso, com mais de 200 filmes na carreira, foi acusado de violência sexual por várias mulheres nos últimos seis anos, mas algumas de suas queixas foram rejeitadas porque o prazo de prescrição expirou. 

No entanto, ele está sob ameaça de outro julgamento: em agosto, a promotoria pública de Paris solicitou que ele fosse encaminhado ao tribunal criminal para ser julgado por estupro e agressão sexual da atriz Charlotte Arnould, a primeira a apresentar uma queixa contra o famoso ator, em 2018. 

"Eu nunca, jamais, abusei de uma mulher", Gérard Depardieu se defendeu em uma carta aberta publicada no Le Figaro em 1º de outubro de 2023. 

Algumas semanas depois, em dezembro de 2023, Emmanuel Macron chocou as associações feministas ao saudar um "imenso ator" que "deixa a França orgulhosa", denunciando "uma caça ao homem" após a transmissão de uma reportagem no canal France 2, durante a qual o ator fez vários comentários misóginos. 

Lançado em 2017 para denunciar o comportamento do produtor americano Harvey Weinstein, o movimento #MeToo varreu o cinema francês nos últimos anos. Vários grandes nomes foram acusados de violência sexual, incluindo os diretores conhecidos como Jacques Doillon e Benoît Jacquot. 

(Com AFP)

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