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Japão enfrenta incerteza após nenhum partido conquistar maioria em eleição

28/10/2024 08h27

Por John Geddie e Tim Kelly e Sakura Murakami

TÓQUIO (Reuters) - A composição do futuro governo do Japão estava em dúvida na segunda-feira, depois que os eleitores puniram a coalizão do primeiro-ministro Shigeru Ishiba em uma eleição antecipada no fim de semana, não deixando nenhum partido com um mandato claro para liderar a quarta maior economia do mundo.

A incerteza fez com que a moeda iene atingisse o valor mais baixo em três meses, com os analistas se preparando para dias, ou possivelmente semanas, de disputas políticas para formar um governo e, possivelmente, uma mudança de líder.

Isso ocorre no momento em que o Japão enfrenta ventos econômicos contrários, uma situação de segurança tensa por causa de China e Coreia do Norte, e uma semana antes de os eleitores dos Estados Unidos irem às urnas em outra eleição imprevisível.

"Não podemos permitir nem mesmo um momento de estagnação, pois enfrentamos situações muito difíceis nos ambientes econômico e de segurança", disse Ishiba em uma coletiva de imprensa na segunda-feira, prometendo continuar como primeiro-ministro.

Seu Partido Liberal Democrata (LDP) e seu parceiro de coalizão júnior, o Komeito, obtiveram 215 cadeiras na câmara baixa do Parlamento, abaixo das 279 que tinham, após enfrentarem a punição de eleitores por causa de um escândalo de financiamento e uma crise do custo de vida. Dois ministros e o líder do Komeito, Keiichi Ishii, perderam suas cadeiras.

O maior vencedor da noite, o Partido Democrático Constitucional do Japão (CDPJ), principal partido de oposição, obteve 148 assentos, contra 98 anteriormente, mas ainda muito aquém da maioria de 233.

Uma votação sobre quem assumirá o cargo de primeiro-ministro poderá ser realizada em uma sessão parlamentar especial em 11 de novembro, disseram várias fontes da coalizão governista à Kyodo News na segunda-feira.

Ainda há incertezas sobre a possibilidade de Ishiba - que se tornou primeiro-ministro há menos de um mês - sobreviver após a derrota. Os partidos menores também obtiveram ganhos e seu papel nas negociações pode ser fundamental.

"Parece improvável que ele (Ishiba) sobreviva para liderar um novo governo como primeiro-ministro... embora seja possível que ele permaneça como interino", afirmou Tobias Harris, fundador da Japan Foresight, uma empresa de consultoria de risco político.

O líder do CDPJ, Yoshihiko Noda, disse que trabalharia com outros partidos para tentar tirar os atuais governantes, embora os analistas vejam isso como uma possibilidade mais remota.

O LDP tem governado o Japão durante quase toda a sua história pós-guerra e o resultado marcou sua pior eleição desde que perdeu brevemente o poder em 2009 para um precursor do CDPJ.

(Reportagem de John Geddie, Tim Kelly, Sakura Murakami, Chang Ran-Kim)

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