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OPINIÃO

Maierovitch: Tarcísio comete abuso de poder e se arrisca à inelegibilidade

do UOL

Colaboração para o UOL

27/10/2024 15h57

As declarações sem provas do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) que associaram o candidato Guilherme Boulos (PSOL) a um suposto 'voto' do PCC podem, segundo explicou o colunista Wálter Maierovitch no UOL News, levar o governador a responder a um processo de abuso de poder político. Há o risco de a consequência, como ocorreu com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ser a inelegibilidade.

Tarcísio citou um suposto "trabalho grande de inteligência" antes de citar o nome de Boulos supostamente como o candidato indicado pela facção criminosa. O candidato do PSOL disse que pediu à Justiça a inelegibilidade do governador e de Ricardo Nunes (MDB), seu concorrente na disputa à Prefeitura de São Paulo.

O jurista explica que Tarcísio rompeu com o "silêncio eleitoral", estabelecido por lei, em que nada pode perturbar a liberdade do eleitor em escolher seu candidato nas urnas. Se Tarcísio tivesse provas da indicação de votos da associação criminosa, deveria ter recorrido à Justiça, e não trazido o fato à tona no dia das eleições, explicou Maierovitch.

Nós estamos na fase do silêncio eleitoral, onde o eleitor tem que ter tranquilidade, e a lei diz isso, para poder votar, para poder se conscientizar desse ato. Existe a impossibilidade de qualquer tipo de manifestação manipuladora de eleições. Então, esse é, por lei, o clima eleitoral. Nós estamos dentro desse clima, e isso vale para o governador, vale para todos os cidadãos, os que votam e os que são votados. Esse clima foi quebrado pelo governador do Estado. Isso é o ilícito eleitoral.

O que ele deveria fazer com essas informações? Acionar a Justiça Eleitoral, única autoridade competente, e se manter em silêncio. O que ele fez foi de uma gravidade e de uma irresponsabilidade por quebrar um momento precioso, um momento mais relevante, que é o encontro livre do cidadão com a urna.

Essa ação proposta pelo partido do Boulos é dirigida exatamente ao corregedor-geral da Justiça Eleitoral. O que ele faz? Ele inicia um processo investigatório. Essa ação se chama Ação de Investigação Judicial Eleitoral. [...] Neste caso, trata-se de um abuso de poder político --está muito claro: abuso de poder político. Ele se manifestou quando deveria comunicar e silenciar. O corregedor faz toda a apuração, garante a ampla defesa e elabora um voto que submete ao tribunal, que decide pela procedência ou improcedência dessa ação. Se for procedente, poderá resultar em inelegibilidade.
Wálter Maierovitch

Matais: fala de Tarcísio é crime eleitoral, e TSE precisa se manifestar

A fala de Tarcísio pode ser considerada um crime eleitoral e precisa de uma resposta do TSE, afirmou a colunista Andreza Matais no programa de hoje.

É gravíssima essa fala do governador de São Paulo. Ele está utilizando do cargo de governador para fazer essa declaração que, na minha avaliação, é um crime eleitoral, ao lado do prefeito de São Paulo, que disputa a reeleição, no meio do processo de votação. São dados que, se existem, precisariam ser apresentados, e esse não era o melhor momento para isso.

Nessas eleições, há muitos relatos de que [grupos criminosos] estão tentando eleger candidatos para depois influenciar esses grandes contratos, mas isso não significa de forma alguma que haja um estudo mostrando que há alguma relação disso com partidos políticos.

É algo que tem sido feito, já não é de hoje, se tentar fazer essa correlação desses grupos criminosos com a esquerda, e que seria a mesma coisa de você associar a milícia à direita.
Andreza Matais

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Kotscho: Com acusações falsas, Bolsonaro e Tarcísio mostram que são iguais

No programa, o comentarista Ricardo Kotscho relacionou a declaração de Tarcísio a uma falsa teoria, repetida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) hoje em Goiânia, de que o Lula (PT) não sofreu um acidente doméstico que o impediu de viajar à Rússia.

Para Kotscho, isso demonstra que Tarcísio e Bolsonaro estão do mesmo lado radicalizado do uso de notícias falsas para propósitos político-eleitorais. Kotscho também cobrou a ministra Cármen Lúcia, presidente do TSE, para que se manifeste.

Isso não pode demorar mais nenhum instante, tem que imediatamente ter uma providência do TSE. É o fato mais grave que aconteceu nessa campanha até agora. (...) É inexplicável, irresponsável.

Em Goiânia, hoje de manhã, o Bolsonaro, além de esculhambar com o ministro do STF Alexandre de Moraes, colocou em dúvida o acidente doméstico de Lula, que impediu a viagem dele para a reunião dos BRICS.

Assim como o Tarcísio, ele também não apresentou prova nenhuma, disse que recebeu no celular de alguma 'tia do zap' que mandou isso aí, e bota como se fosse um fato. Eles são iguais, não tem essa de moderado e radical. Eles são iguais.
Ricardo Kotscho

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