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Partido governista pode perder maioria no Parlamento pela primeira vez em 15 anos no Japão

27/10/2024 12h41

A legenda que governa o Japão, o conservador Partido Liberal Democrático (PLD), perdeu neste domingo (27) a maioria nas eleições legislativas, pela primeira vez desde 2009. É o que apontam as projeções, divulgadas pelo canal público NHK, e que mostram um duro revés para o novo primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba.

A legenda que governa o Japão, o conservador Partido Liberal Democrático (PLD), perdeu neste domingo (27) a maioria nas eleições legislativas, pela primeira vez desde 2009. É o que apontam as projeções, divulgadas pelo canal público NHK, e que mostram um duro revés para o novo primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba.

 

Os resultados iniciais, baseados em pesquisas de boca de urna, concedem ao PLD, de Ishiba, entre 153 e 219 cadeiras do total de 465 na Câmara Baixa do Parlamento. Esse pode ser um fracasso quase inédito na história da legenda, que está no poder desde 1955.

Além disso, o resultado terá duras implicações a Ishiba, que assumiu o cargo de primeiro-ministro em 1° de outubro. Foi o próprio premiê que convocou eleições antecipadas, esperando um resultado positivo para se consolidar no poder. 

"Fomos severamente julgados", indicou o líder conservador à NHK. Os eleitores "expressaram claramente sua vontade de ver o PLD refletir [sobre as causas de sua derrota]", reiterou.

Se esse cenário se confirmar, o partido do governo, atualmente aliado ao Komeito, de centro-direita, precisará formar outra coalizão ou aceitar um precário governo minoritário. 

Insatisfação dos eleitores

Os eleitores da quarta maior economia do mundo estão visivelmente insatisfeitos com a inflação e incomodados com um escândalo de financiamento do PLD, razões que contribuíram para derrubar o ex-primeiro-ministro Fumio Kishida.

Ishiba prometeu não apoiar ativamente os candidatos envolvidos nas irregularidades, mas o jornal Asahi informou que o PLD pagou 20 milhões de ienes (cerca de R$ 747 mil) às delegações locais lideradas por membros da legenda. A revelação provocou indignação entre a oposição e aumentou as dúvidas sobre o resultado das eleições.

A mobilização dos eleitores também parece ter sido afetada pelo escândalo. Duas horas antes do fim da votação, 18h pelo horário local (6h em Brasília), a participação era de 29%, levemente abaixo dos 31,6% registrados no mesmo horário do pleito em 2021, segundo o Ministério do Interior do Japão. 

A imprensa local especulou que, em caso de derrota eleitoral, Ishiba poderia até mesmo renunciar imediatamente. Isso o transformaria no primeiro-ministro mais efêmero do Japão pós-guerra.

Oposição aumenta representação no Parlamento

O Partido Democrático Constitucional (PDC), principal força da oposição no Parlamento japonês, aumentou consideravelmente o número de cadeiras no Parlamento. Segundo o canal NHK, a legenda teria conseguido até 191 assentos, segundo uma projeção inicial. 

Seu líder, o popular ex-primeiro-ministro Yoshihiko Noda, criticou no sábado (26) "as políticas do PLD que consistem em implementar rapidamente medidas para aqueles que lhes dão muito dinheiro". "Mas aqueles que estão em posições vulneráveis, que não podem doar, foram ignorados", acrescentou o opositor.

Apesar das críticas, o cientista político Masato Kamikubo, da Universidade Ritsumeikan, assinala que a posição de Noda "é bastante similar à do PLD". "É basicamente um conservador", diz. Por isso, "o CDP ou Noda podem ser uma alternativa ao PLD. Muitos eleitores pensam assim", acrescentou.

Os analistas projetam que o revés eleitoral do PLD também pode provocar pânico nos mercados financeiros, que não estão habituados com este tipo de cenário.

Com informações da AFP

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