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Para Israel, bombardeio contra o Irã foi "poderoso", mas guia supremo iraniano relativiza ataque

27/10/2024 08h29

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou neste domingo (27) que o bombardeio realizado na véspera contra infraestruturas militares iranianas foi "preciso e poderoso". Um pouco antes, na rede social X, o guia supremo iraniano Ali Khamenei havia relativizado o ataque, o que pode ser um sinal de apaziguamento.

Netanyahu também sublinhou que Israel atingiu "todos os seus objetivos" no sábado (26). O ataque visou locais de fabricação de mísseis no Irã, para destruir armamentos que, segundo o exército israelense, ameaçavam a segurança de seus cidadãos. A operação foi uma resposta aos bombardeios iranianos de 1° de outubro, que pretendiam vingar a morte do chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, no final de setembro, e do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em 31 de julho, ambos aliados do Irã. 

As declarações do premiê foram feitas durante a cerimônia do primeiro aniversário hebraico do ataque do grupo Hamas contra Israel, em 7 de outubro de 2023. Para o líder israelense, o ataque do Irã "fracassou" porque a maioria dos mísseis foi interceptado pelo sistema de defesa do país. "Havíamos prometido que reagiríamos com força e, no sábado pela manhã, cumprimos a nossa promessa", reiterou Netanyahu.

Segundo o regime iraniano, os estragos do ataque israelense foram limitados, já que a maior parte dos mísseis israelenses foram derrubados. Quatro militares morreram. Teerã reafirmou seu "direito de defesa", evocando sua determinação em retaliar, apesar dos apelos de líderes ocidentais e árabes por contenção.

Nesta manhã, o guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, afirmou na rede social X que não se deve "nem exagerar, nem minimizar" a agressão israelense. Para ele, Israel fez "uma escolha errada" ao atacar o Irã. "Temos que fazê-los entender o poder, a determinação e a iniciativa do povo iraniano", publicou, lembrando que cabe às autoridades do país decidir como retaliar, levando em consideração "os interesses nacionais".

Apelos internacionais

Desde a confirmação de Israel do ataque de sábado, líderes ocidentais e árabes vieram à público fazer apelos para evitar uma escalada de tensão no Oriente Médio, palco de conflitos na Faixa de Gaza e no Líbano. "Estive com os serviços de inteligência (...) e Israel não visou nada a mais do que alvos militares no Irã", afirmou o presidente americano, Joe Biden. "Espero que seja o fim", reiterou. 

Neste domingo, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que as instalações nucleares iranianas não foram atingidas. "Peço cautela e moderação em relação a ações que possam colocar em risco a segurança de materiais atômicos e radioativos", afirmou no X o diretor-geral da organização, Rafael Grossi. 

Especialistas em Oriente Médio acreditam que, devido à menor magnitude do ataque iraniano, as tensões entre Israel tendem se acalmem. Para o cientista político Hasni Abidi, diretor do Centro de Estudos e Pesquisas sobre o Mundo Árabe e Mediterrâneo (Cermam), em Paris, as últimas reações de Teerã deixam a entender "haverá uma certa contenção", ainda que "uma resposta iraniana não esteja descartada".

Em entrevista à RFI, ele afirmou que vários fatores apontam para esse cenário: "o governo americano não quer exacerbar as tensões no Líbano e em Gaza. Além disso, as monarquias do Golfo, aliadas aos Estados Unidos, também não têm interesse em ter uma guerra que possa atingir suas infraestruturas de petróleo e gás".

Abidi ainda destaca que Israel deu por encerrada a sua retaliação ao bombardeio iraniano de 1° de outubro. "Os próprios generais israelenses dizem que o país não tem meios militares e financeiros para continuar essa guerra ou para estar ativo em diversas frentes", avalia.

(RFI com agências)

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