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Após ser associado ao PCC, Boulos pede inelegibilidade de Nunes e Tarcísio

do UOL

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

27/10/2024 15h01Atualizada em 27/10/2024 16h33

A campanha do candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) acionou a Justiça Eleitoral contra Ricardo Nunes (MDB) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) neste domingo (27) após o governador dizer, sem apresentar provas, que integrantes do PCC orientaram familiares e apoiadores a votarem no psolista.

O que aconteceu

A campanha de Boulos pede na ação a inelegibilidade de Nunes e Tarcísio. No documento, o advogado do psolista, Francisco Almeida Prado Filho, cita abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação pelo governador ter se utilizado de sua posição oficial para divulgação a informação de que o PCC estaria pedindo voto em Boulos.

"Trata-se de gravíssima tentativa de influenciar no resultado do pleito, no dia da eleição, de uma forma jamais vista no estado de São Paulo", diz trecho da ação. Caso a chapa de Nunes seja eleita, a campanha também pede a cassação dela, pois, segundo a ação, o emedebista e seu vice Mello Araújo (PL) teriam sido favorecidos pelo abuso de poder.

Tarcísio apoia a reeleição de Nunes, adversário do psolista. "A gente vem alertando isso há muito tempo. Nós fizemos um trabalho grande de inteligência, temos trocado informações com o Tribunal Regional Eleitoral para que providências sejam tomadas", disse o governador na manhã de domingo após votar no colégio Miguel Cervantes, na zona sul.

A ação será analisada pela Justiça Eleitoral em São Paulo. Nestes casos, o juiz responsável pede explicações às partes acusadas antes de decidir se instaura a ação, chamada de Ação de Investigação Judicial Eleitoral. Aceita a ação, a Justiça poderá colher depoimentos, intimar órgãos e determinar outros encaminhamentos caso entenda necessário.

Na ação, a campanha de Boulos destaca que Tarcísio se manifestou como governador do estado. Campanha do psolista aponta ainda que a fala está servindo para aliados de Nunes replicarem mensagens vinculando Boulos ao PCC. A ação junta prints de montagens em vídeos que estão circulando no WhatsApp.

A ação também pede que seja apurado se houve, de fato, ação da inteligência da polícia sobre o eventual "salve" do PCC pedindo votos. O documento peticionado nesta tarde pede que a informação seja apurada "com identificação e oitiva dos responsáveis, se for o caso".

Polícia Civil diz que investiga mensagens. A Secretaria de Segurança Pública disse que a PM interceptou a circulação de mensagens atribuídas à facção criminosa paulista. Nelas, determinava a escolha de candidatos a prefeito em São Paulo, Santos e Sumaré.

Campanha de Nunes não vai se manifestar. "Por ora, a campanha de Ricardo Nunes (MDB) não vai se manifestar sobre os recentes pedidos de Guilherme Boulos (PSOL) à Justiça", enviou à imprensa.

Nem se diga que o governador falou como cidadão, fora do exercício de suas funções, pois em seu discurso ele faz expressa referência a dados de inteligência a que só poderia ter acesso como governador do estado. O uso da máquina e o abuso do poder político são incontestes.
Trecho de ação da campanha de Guilherme Boulos

Tem-se, portanto, uma ação coordenada entre o governador do estado e os demais réus, juntamente com sua campanha, para difundir essas acusações, de forma abusiva e criminosa, durante o horário de votação

Que a Justiça seja rápida, diz Boulos

O candidato do PSOL classificou a declaração do governador como um "desespero". "Acionamos a Justiça Eleitoral e esperamos que ela seja rápida, pois isso é inadmissível", afirmou o psolista. Ele também comparou a fala de Tarcísio com o laudo falso divulgado por Pablo Marçal (PRTB) nas vésperas do primeiro turno.

A presidente do PSOL, Paula Coradi, disse que é "inadmissível" a postura de Tarcísio como agente público disseminar fake news. "Agindo como cabo eleitoral e ferindo princípios constitucionais da administração pública", afirmou.

Em nota divulgada à imprensa, o PT paulista disse que o governador deveria ser preso por crime eleitoral. "Ele deveria ser preso por usar a máquina pública para cometer mais esse crime eleitoral", afirmam os presidentes dos diretórios do partidos Kiko Celeguim e Laércio Ribeiro.

Desespero. É crime eleitoral. É grave. Certamente uma mentira dessa não me beneficia, beneficia o meu adversário. É muito absurdo. Recebi essa informação assombrosa e decidi dar essa declaração pra evitar que a mentira prevaleça.
Guilherme Boulos, candidato à Prefeitura de São Paulo

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