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Em Goiânia, PT e esquerda fazem campanha anti-Fred, em apoio velado a Mabel

Contra Fred Rodrigues (PL), esquerda apoia veladamente Sandro Mabel (União)  - Arte/UOL
Contra Fred Rodrigues (PL), esquerda apoia veladamente Sandro Mabel (União) Imagem: Arte/UOL
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Do UOL, em Goiânia

26/10/2024 05h30

Sem representantes no segundo turno, a esquerda de Goiânia se movimenta em uma campanha contra o candidato bolsonarista Fred Rodrigues (PL), em apoio velado ao ex-deputado Sandro Mabel (União), nome do governador Ronaldo Caiado (União).

O que aconteceu

A posição de "combate à extrema direita" foi adotada pelo PT no meio do mês, seguindo diretriz nacional. A deputada Adriana Accorsi (PT-GO), derrotada no primeiro turno após a escalada de Fred, não se manifestou, mas lideranças do partido e da base lulista têm expressado apoio a Mabel.

Goiânia é uma das capitais em que a esquerda foi rachada para o segundo turno. Fred é o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que deve inclusive acompanhá-lo na votação, ao passo que Mabel foi alçado por Caiado, de olho em mostrar força para 2026.

Movimentos sociais também criaram sua própria campanha. Chamada "Goiânia sim! Fred não!", o grupo mobiliza organizações, artistas e outras alas progressistas para fazer campanha contra o candidato do PL.

Apoio velado

Oficialmente, o PT não indicou voto, mas o aceno a Mabel ficou evidente. Em nota divulgada no dia 10, o partido afirmou que petistas "não votarão em candidato que coloca em risco a democracia" e que votos nulos e brancos ou abstenção "representariam uma injustificável omissão política".

"Nosso dever cívico e democrático é derrotar a extrema direita", diz o texto. Isso não se expressou, no entanto, em pedidos de voto ao nome de Caiado e muito menos houve participação em palanque.

Essa foi a atitude adotada pelo PT também nacionalmente. Tanto no governo Lula (PT) quanto na sede nacional, a indicação é que os diretórios regionais deem apoio, cada um a seu modo, aos candidatos que "combatam a extrema direita", em referência às candidaturas do PL, que disputam 23 segundos turnos, incluindo nove capitais. O PT disputa apenas 13 cidades, sendo quatro capitais.

Accorsi não se pronunciou. Segundo pessoas ligadas ao partido, ela ficou muito surpresa com a subida de Fred na reta final e preferiu se retirar do pleito. O PSB, que compôs a chapa da petista, como o governo federal, indicou apoio a Mabel.

A situação funciona bem para os dois. Com perfil de eleitor conservador, Mabel tampouco se interessa por ter seu nome ligado ao PT, de quem sempre foi oposição. Ele sabe, no entanto, que precisa de grande parte do eleitorado da deputada, que teve 24% no segundo turno.

Movimentos articulam apoio público para a reta final

Para a reta final, ativistas e lideranças de esquerda na cidade decidiram prestar apoio público a Mabel. Desde o primeiro turno, o grupo intitulado "Goiânia sim! Fred não!" vem fazendo campanha contra o bolsonarista, mas representantes dizem que foi preciso dar um passo a mais nestes últimos dias.

As pesquisas indicam vantagem de Mabel, mas Fred tem crescido. Os dois aparecem empatados nas pesquisas Atlas e Real Time Big Data, divulgadas na última sexta (25).

No primeiro turno, houve movimentação semelhante. O bolsonarista, que passou a campanha em quarto nas pesquisas, começou a subir na última semana. Nas urnas, atropelou o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), que acabou em quarto, e Accorsi, em terceiro, e passou em primeiro lugar, com 31% dos votos.

Isso acendeu um alerta nas lideranças, também originalmente refratárias a Mabel. Ex-deputado, o empresário sempre atuou em oposição à esquerda e pertence ao grupo de Caiado, presidenciável e grande crítico de Lula e do PT.

"Uma vitória poderia dar a ele [Fred] a musculatura política para avançar ainda mais em 2026", justifica Vitor Cadillac, um dos idealizadores do movimento. "Barrar Fred, agora, é uma forma de limitar o fortalecimento desse movimento conservador em Goiás, o que por si só justifica nossa mobilização para evitar sua eleição."

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