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Cadeirada, soco e escarcéu: os 10 momentos mais marcantes da eleição em SP

TV Cultura divulga imagens inéditas da cadeirada de Datena em Marçal - Reprodução de vídeo / TV Cultura
TV Cultura divulga imagens inéditas da cadeirada de Datena em Marçal Imagem: Reprodução de vídeo / TV Cultura
do UOL

Matheus Pichonelli

Colunista convidado

26/10/2024 15h29

A disputa pela Prefeitura de São Paulo foi marcada por cadeiradas, socos, apelidos, batalhas religiosas e muita estridência. Veja os dez momentos mais marcantes da disputa:

A cadeirada de Datena em Marçal

Um dia, cansado de ser provocado pelo influencer Pablo Marçal (PRTB), que o chamou no ar de assediador, o apresentador de TV José Luiz Datena (PSDB) se revoltou, pegou uma banqueta do estúdio e a arremessou sobre o rival. Ambos queriam ser prefeitos de São Paulo. Repita isso em voz alta duas vezes. Isso vai ajudar a compreender por que esta foi a campanha mais maluca da história da metrópole.

O escarcéu de Marçal

Depois da cadeirada, Pablo Marçal (PRTB) simulou a experiência de quase morte em uma ambulância a caminho do hospital. O golpe foi na mão (o gesso cenográfico denunciado por Tabata Amaral, do PSB, que o diga), mas nas cenas seguintes ele surgiu "apagado" e com um uma máscara de oxigênio (desligada) no rosto. Pegou tão mal que no dia seguinte ele precisou vir a público dizer que estava vivo, sim. Mas a fama de candidato que apanha de um sexagenário e faz um escarcéu foi fatal para um candidato que vendia códigos sobre inteligência emocional e lições para encarar as agruras da vida com força, fé e foco.

A convenção tucana

Uma prévia do que seria a campanha de 2024 aconteceu na Assembleia Legislativa de São Paulo, palco do lançamento oficial da candidatura de Datena. Depois de um histórico de hesitação e desistências, o apresentador do "Brasil Urgente" colocou finalmente os dois pés na política sob a expectativa de reeditar a campanha vitoriosa em 2016 de João Doria - outra aposta tucana que vinha da TV. Foi recebido por protestos de integrantes do partido que preferiam uma aliança com Ricardo Nunes (MDB). "Bando de filho da puta" e "vagabundos do caralho" foram algumas das flores arremessadas pelo candidato, então um dos favoritos da disputa, aos revoltados. O barril de pólvora estava prestes a explodir.

O abraço entre Boulos e Nunes

Mas nem só de grito e pancadaria viveu a eleição. O clima pesado da primeira etapa da campanha só saiu de cena no debate da TV Bandeirantes entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno. Depois de trocarem sopapos verbais, os candidatos ficaram frente a frente no palco da emissora. Nunes se sentiu intimidado pelo olhar inquisidor do rival (aquele gesto capaz de iniciar a Terceira Guerra se alguém pergunta "está olhando o quê?"). Mas o clímax da tensão foi desarmado com uma conversa de fila de supermercado:

"Oi, tudo bem?"

"Tudo bem e você?"

Nunes e Boulos, então, se abraçaram, sorriram e voltaram para as trincheiras para se atacarem normalmente.

O slam de salmos

"Poetry slam" é uma performance em que poetas apresentam suas rimas (ou rimas alheias) em uma competição de versos. Foi o que fizeram Pablo Marçal (PRTB) e Ricardo Nunes (MDB) no debate UOL/Rede TV!/Folha com uma disputa para mostrar quem estava mais apto a receber o voto dos eleitores religiosos. Quem primeiro sacou a palavra bíblica do coldre foi o prefeito, com o salmo 133. ("Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união"). Segundo ele, era uma mensagem "importante" para quem só estava ali para tumultuar. O ex-coach não deixou barato e respondeu com outro salmo, o 69. "O zelo pela sua casa me consumiu." Ambos tomaram uma reprimenda de Tabata Amaral (PSB) por usarem o Santo Nome em vão.

O choro de Datena

Outro sinal de que José Luiz Datena (PSDB) não estava segurando a barra da campanha foi a postura durante a sabatina UOL/Folha, na qual ele começou a conversa distribuindo coices e ironias e terminou entre lágrimas ao falar da dificuldade de ganhar o público e diminuir a rejeição - surpreendente até para ele. As lágrimas ajudaram a humanizar o candidato que dias depois seria notícia no Brasil inteiro graças a uma banqueta.

Meu Hidrante, Minha Vida

Pouca gente se lembra, mas São Paulo teve neste ano uma candidata do Novo escalada para replicar nos debates um manual de platitudes que lemos diariamente nos comentários de portais. Mas um dia, no embate do Flow Podcast, ela inovou ao sugerir que extintores poderiam ter sido usados para apagar os incêndios florestais que se alastravam pelo Brasil em setembro. Sim. Extintores. De incêndio. Para conter incêndios. Em florestas. Ainda assim teve mais do que cinco votos.

A sabatina do Marçal com Boulos

Nada foi mais surpreendente nesta campanha do que a conversa civilizada entre Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB) na sabatina promovida pelo ex-ex-coach no seu canal. Como na música do Agepê, tudo nasceu de brincadeira: Marçal queria chamar atenção para a sua seguradora de carros (grifada no boné usado no vídeo que fatalmente viralizaria). E convidou os ex-rivais para a briga, com a certeza de que nenhum dos dois toparia. Boulos topou com a desconfiança de que Marçal não iria com a ideia até o fim. De blefe em blefe, ficou feio, para ambos, recuar. E quem esperava a luta do século assistiu ao maior encontro de compadres desta eleição.

Soco na cara e gritaria

O fim do debate no Flow Podcast ajuda a entender por que havia tanta expectativa de quebra-quebra no tete-a-tete (virtual, é verdade) entre Guilherme Boulos e Pablo Marçal na reta final do segundo turno. Na ocasião, e depois de muita provocação, um segurança do ex-coach acertou um soco no olho do marqueteiro de Ricardo Nunes, Duda Lima. Outros seguranças entraram em cena e o agressor precisou sair em disparada. Ali Marçal mostrava que mais perigoso do que um líder violento eram os seguidores de um líder violento tentando mostrar serviço.

Tabata on fire

O quebra-quebra no Flow Podcast, claro, virou a manchete e eclipsou tudo o que foi discutido em um debate no qual a candidata do PSB, Tabata Amaral, amassou os adversários um a um. O eclipse tirou a deputada do sério, que rasgou o figurino de aluna estudiosa e bem comportada e vestiu, com uma série de palavrões, uma versão particular de Gil Brother, o professor revoltado com o "bando de badernista" do fundão da sala no clássico esquete do Hermes e Renato.

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