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Mulheres são responsáveis por quase metade dos lares brasileiros, diz IBGE

O recenseador João Gabriel da Costa de Souza, conversa com moradora do quilombo Maria Joaquina, que fica em Cabo Frio, no estado do Rio de Janeiro.  - Eduardo Anizelli/ Folhapress
O recenseador João Gabriel da Costa de Souza, conversa com moradora do quilombo Maria Joaquina, que fica em Cabo Frio, no estado do Rio de Janeiro. Imagem: Eduardo Anizelli/ Folhapress
do UOL

Do UOL, em São Paulo

25/10/2024 10h00Atualizada em 25/10/2024 10h57

A proporção de mulheres responsáveis por domicílios no Brasil aumentou significativamente em 12 anos, chegando a quase metade dos lares. A informação foi divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (25) com dados do Censo Demográfico de 2022 sobre composição domiciliar.

O que aconteceu

Em 2022, 49,1% dos responsáveis por domicílios brasileiros eram mulheres. O número representa um aumento em relação a 2010, quando 38,7% dos lares tinham liderança feminina.

Eram mais de 36,6 milhões de lares com mulheres como responsáveis em 2022. Ao todo, o Brasil tem 72,5 milhões de unidades domésticas — como são chamados os domicílios particulares. O número representa quase a metade dos domicílios brasileiros administrados por mulheres [veja mais detalhes abaixo].

O número de unidades domésticas no Brasil também aumentou. Em 2010, eram 57 milhões de domicílios para habitação. Em 2022, esse número saltou para 72 milhões.

A média de moradores por domicílio, no entanto, diminuiu para 2,8 pessoas. Em 2010, a média de moradores por domicílio era de 3,3 pessoas. De acordo com o IBGE, o número reflete a queda de fecundidade no Brasil e o envelhecimento da população. A título de comparação, em 2000, a média de moradores era de 3,7.

Redução no número de moradores por domicílio

As unidades domésticas com apenas um morador também aumentaram. Em 2010, 12,2% dos lares eram unipessoais. Este número foi a 18,9% em 2022. Esta foi a única categoria que cresceu no período.

Número de domicílios com casais com filhos teve redução. Em 2010, a categoria representava 41,3% dos lares. O número passou para 30,7% em 2022. Por outro lado, o número de residências com casais sem filhos saltou de 16,1% para 20,2%.

Também houve uma mudança no perfil racial dos responsáveis pelos lares. Em 2010, a maioria dos domicílios era liderada por brancos (49,4%). Em 2022, pela primeira vez, a proporção de pardos como responsáveis pelas unidades superou a de brancos, com 43,8% frente a 43,5%.

Em outros recortes, pretos são responsáveis por 11,7% dos lares, indígenas e amarelos 0,5%. Levando em consideração a definição do Ministério da Igualdade Racial, que define negros no Brasil como a junção de pretos e pardos, o grupo seria responsável por mais da metade dos domicílios brasileiros. O IBGE não adota esta metodologia.

O número de casais homoafetivos compondo domicílios aumentou no Brasil. Segundo o IBGE, o percentual passou de 0,10% em 2010 para 0,54% em 2022. São 391.080 unidades domésticas compostas pessoa responsável e cônjuge ou companheiro(a) do mesmo sexo.

Quase metade dos lares brasileiros liderados por mulheres

Em 10 estados, o percentual de lares com mulheres como responsáveis é superior a 50%. Esses estados são: Pernambuco (53,9%), Sergipe (53,1%), Maranhão (53,0%), Amapá (52,9%), Ceará (52,6%), Rio de Janeiro (52,3%), Alagoas (51,7%), Paraíba (51,7%), Bahia (51,0%) e Piauí (50,4%).

Segundo o IBGE, 16,5% dos domicílios brasileiros são liderados por um responsável sem cônjuge e com filho ou enteado - a maioria dos lares da categoria (29%) tem uma mulher à frente.

É o caso de Vailma Santos. A paulista, comerciante de 31 anos, é mãe solo e responsável pelo domicílio em que mora com a filha desde 2015. A pessoa considerada responsável pelo domicílio é a pessoa indicada pelos moradores como tal.

Desde 2015 sou responsável pelo meu lar, quando me tornei mãe solo. O cuidado dela, e como ficar, como cuidar, são questões que mais dão trabalho para nossa formação familiar. Desde que ela nasceu sempre foi assim. Acredito que isso se repete por todo o Brasil. Tenho ajuda da família quando saio para trabalhar e deixo ela sendo cuidada, mas continuo sendo responsável por tudo.
Vailma Santos, mãe e líder de lar

Pais presentes de fato está difícil. A mulher hoje em dia não precisa mais ficar dependente de um casamento, não precisa segurar. Tem muitos lares com casais que o homem já não ajuda muito, não é presente mesmo estando ali. Por isso que a família para mim é mãe e a criança.
Vailma Santos, mãe e líder de lar

As informações disponibilizadas pelo Censo mostram mudança estrutural nos lares brasileiros. A afirmação é de Márcio Mitsuo Minamiguchi, gerente de Estimativas e Projeções de População do IBGE. Fatores que podem contribuir para a mudança significativas nos 12 anos é uma maior participação das mulheres no mercado de trabalho e nos padrões de relacionamento.

O que os dados mostram tem a ver com envelhecimento da população. Além disso, pessoas mais velhas morando sozinhas. A gente pode ter um intervalo maior nos casamentos, casamentos mais tardios, pessoas que não se casam. São padrões comportamentais, de formação de família, que mudaram bastante desde 2010.
Márcio Mitsuo Minamiguchi, gerente de Estimativas e Projeções de População do IBGE

Os dados publicados nesta sexta pelo IBGE dizem respeito ao Censo 2022: Composição domiciliar e óbitos informados.

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