Topo
Notícias

O que Campos Neto quis dizer ao criticar projeções do mercado

Fernando Haddad e Roberto Campos Neto na plenária do G20 - Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda
Fernando Haddad e Roberto Campos Neto na plenária do G20 Imagem: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda
do UOL

Do UOL, em São Paulo

25/10/2024 11h30

O presidente do Banco Central Roberto Campos Neto enviou um sinal importante para o mercado nesta quinta-feira (24), ao dizer que "os preços do mercado estão exagerados". A fala indica que, para a autoridade monetária, há um exagero no pessimismo com a economia brasileira.

O que ele disse

Para Campos Neto, Brasil está "acima da média". O presidente do BC disse que o mundo todo viu um aumento da dívida devido à pandemia da covid-19 e terá que enfrentar esse problema mais cedo ou mais tarte. Para ele, a forma como o Brasil está lidando com o endividamento "está acima da média". A fala ocorreu após participação da reunião do G20 em Washington, nos Estados Unidos, junto com o ministro da Fazenda Fernando Haddad.

Preços estão exagerados, disse o presidente do BC. Campos Neto disse ainda que vem acompanhando o comportamento do mercado brasileiro, que tem indicado expectativa de alta de juros. "Acho que os preços de mercado estão exagerados neste momento", disse.

Fala é sinal para o mercado

A fala de Campo Neto é um indicativo para o mercado. A fala vem após um período de especulações sobre novas altas na taxa de juros. Na reunião de setembro, o Copom decidiu aumentar a taxa básica de juros do país, a Selic, para 10,75%. Foi o primeiro aumento desde 2022.

Desde então, o mercado tem indicado expectativa de alta nos juros. A expectativa que antes era de juros a 10,5% em 2024 já subiu para 11,75%, segundo o Boletim Focus mais recente divulgado pelo Banco Central, que indica a expectativa do mercado. O mercado já tem até trabalhado com expectativa de Selic a 13% para 2025.

Haddad defendeu arcabouço

Haddad afirmou que acredita nos parâmetros do arcabouço fiscal. Ao lado de Campos Neto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu o arcabouço fiscal do país e disse que não vê necessidade de reformulá-lo, mas sim de mostrar que ele é crível a médio e longo prazo. "Meu ponto de vista não se trata de reformulá-lo, se trata de reforçá-lo", disse. A fala foi bem recebida pelo mercado.

Governo deve apresentar novo pacote de corte de gastos. Há ainda a expectativa de que o governo apresente um novo pacote de cortes após o segundo turno das eleições municipais. O tema está sendo trabalho pelos ministérios do Planejamento e da Fazenda e depende de decisão do presidente Lula. A indicação de novos cortes também ajuda a acalmar os ânimos do mercado.

Efeitos nos juros

Falas de Campos Neto e Haddad têm potencial para acalmar os ânimos. Se até o presidente do Banco Central vê que há pessimismo, é possível que o mercado reveja suas expectativas. Os juros futuros encerraram a quinta-feira (24) em queda, mas já abriram o dia em leve alta nesta sexta-feira.

Outros atores importantes falam em pessimismo. O banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, comentou o pessimismo do mercado esta semana. "Os mercados estão muito mais pessimistas do que o estado da economia", disse em um evento da Bloomberg. O tema também foi abordado recentemente por Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza. Em entrevista à Exame, ele disse que "o humor geral em relação ao Brasil está excessivamente crítico".

Notícias