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Boulos não apresenta 'bomba' contra Nunes e usa Marçal em última propaganda

Live de Marçal com Boulos - Reprodução/YouTube
Live de Marçal com Boulos Imagem: Reprodução/YouTube
do UOL

Do UOL, em São Paulo

25/10/2024 21h06

O candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos, usou trechos da live que participou com Pablo Marçal (PRTB) na última propaganda eleitoral na televisão. O período terminou nesta sexta-feira (25).

O que aconteceu

Boulos utilizou trechos em que os dois conversaram sobre empreendedorismo, desvio de dinheiro público e sobre o prefeito Ricardo Nunes (MDB). Marçal e Boulos criticaram a ausência do prefeito na conversa.

Nos trechos exibidos na propaganda, Marçal diz que os eleitores dele pediram que ele "fizesse alguma coisa" ainda durante o processo eleitoral. Na sequência, Boulos selecionou trechos em que Marçal pergunta se o psolista concorda que o empreendedorismo libertaria as pessoas. "As pessoas que seguem pelo caminho de empreender e conseguem prosperar precisam ser valorizadas pelo Estado e pela prefeitura", disse Boulos.

Em outro trecho, Boulos critica a gestão de Nunes. "O mais importante é não desviar dinheiro público. Hoje temos na prefeitura alguém cheio de suspeitas."

No último trecho selecionado pela campanha de Boulos, Marçal diz que Nunes "não dá conta" de participar da live. "Nunes, assim como a pesquisa fala que você está com a maior parte do eleitorado que voltou em mim, acredito que você não poderia virar as costas para as pessoas que estão aqui. O cara não dá conta de vir numa entrevista", disse o ex-coach.

Boulos voltou a associar o prefeito ao crime organizado. No episódio final da série "Os Suspeitos", que liga Nunes a denúncias de irregularidades na gestão, a campanha explorou a relação de Eduardo Olivatto, chefe de gabinete da Siurb (Secretaria de Infraestrutura e Obras Urbanas) com Marcola, chefe do PCC — os dois são ex-cunhados. A informação foi revelada em reportagem do UOL.

Cartadas finais

O psolista prometeu soltar "bomba" contra Nunes na propaganda eleitoral, mas trouxe apenas denúncias já divulgadas. Nos três episódios de "Os Suspeitos", o psolista explorou casos como a suposta ligação do prefeito com a Máfia das Creches, investigada pela Polícia Federal. Por causa da estratégia de ameaçar divulgar balas de prata contra o adversário, Boulos foi comparado a Pablo Marçal (PRTB). Na sabatina UOL/Folha, ele negou repetir o método do influenciador.

O programa reforçou propostas e explorou a imagem do presidente Lula e da ex-prefeita Marta Suplicy (PT). O vídeo destacou promessas do plano de governo do psolista, como o Poupatempo da Saúde, ampliação da oferta de educação integral e linha de crédito para empreendedores. A campanha mostrou também imagens de Boulos ao lado de Lula e de Marta, sua candidata a vice, dois dos principais trunfos do psolista para ampliar a votação na periferia da cidade.

Nunes destacou origem periférica e retornou ao Parque Santo Antônio, onde nasceu. "Valeu a pena você ter sonhado, valeu a pena você ter acreditado. Acredita, tenha seus sonos e busque o caminho daquilo que é correto", disse o prefeito, em imagens gravadas no bairro da zona sul da cidade. O candidato à reeleição vendeu uma trajetória de sucesso no programa, dizendo que saiu da periferia e se tornou prefeito da capital paulista.

Propaganda final apostou em realizações da gestão e no discurso do caminho "seguro" para São Paulo. O emedebista apresentou obras e programas executados no seu governo, como construção de casas populares e tarifa zero nos ônibus aos domingos, e enfatizou que a reeleição dele representa um futuro seguro para a cidade. Nunes tem reforçado o discurso de Guilherme Boulos (PSOL) é "extremista" e "invasor de propriedade" e que a vitória dele levaria o município a um caminho incerto.

O vídeo de Nunes também trouxe falas de apoio do atual governador de estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas Jair Bolsonaro (PL) ficou de fora. Apoiador distante da campanha do prefeito, o ex-presidente não apareceu no último programa de Nunes. Como informou a colunista Raquel Landim, do UOL, imagens de uma conversa entre os dois, gravadas nesta semana, serão veiculadas apenas nas redes sociais do candidato à reeleição. Em toda a campanha, Bolsonaro só participou de agendas com Nunes na terça (22).

Pesquisa Datafolha mostra Nunes 14 pontos à frente de Boulos. Segundo levantamento divulgado na quinta (24), o atual prefeito tem 49% das intenções de voto contra 35% do psolista. A diferença entre ambos reduziu quatro pontos percentuais em relação à pesquisa anterior.

Hoje à noite, Nunes e Boulos participam do debate da TV Globo. Será o último encontro entre os candidatos antes da eleição de domingo (27). O debate começa às 22h.

Live amigável entre adversários

Diferentemente dos ataques do primeiro turno, a conversa teve um tom amigável. No final os dois falaram que a conversa foi "respeitosa", apesar das diferenças ideológicas entre eles. Não foi citado o laudo falso que Marçal divulgou contra Boulos a dois dias do primeiro turno, nem outros ataques que foram rotineiros quando Marçal era candidato.

Marçal perguntou a Boulos sobre prosperidade e invasões, entre dezenas de questões. A live, realizada no canal oficial do empresário e autodenominado ex-coach, chegou a superar os 400 mil espectadores simultâneos.

Questionado sobre o que é comunismo, Boulos respondeu: "Uma sociedade com oportunidade igual para todo mundo". "Não quer dizer que todo mundo vai chegar no mesmo lugar, mas que seja oferecida a mesma oportunidade para quem mora em Paraisópolis e no Morumbi", disse o psolista, sem citar a palavra comunismo. "Eu acho que esse é o papel do poder público", acrescentou.

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