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Terror no Rio: quem eram os trabalhadores mortos com tiros na cabeça

As vítimas fatais foram o motorista Paulo Roberto de Souza (esq.), o caminhoneiro Geneilson Eustáquio Ribeiro (centro), e Renato Oliveira (dir.) - Reprodução/Redes Sociais
As vítimas fatais foram o motorista Paulo Roberto de Souza (esq.), o caminhoneiro Geneilson Eustáquio Ribeiro (centro), e Renato Oliveira (dir.) Imagem: Reprodução/Redes Sociais
do UOL

Colaboração para o UOL

25/10/2024 12h14

Três trabalhadores perderam a vida e outros três ficaram feridos em um tiroteio na avenida Brasil, no Rio de Janeiro, durante uma operação policial na manhã desta quinta-feira, 24. Saiba quem eram os homens que morreram e um pouco de suas histórias.

O que aconteceu

Paulo Roberto de Souza, 60, era motorista de aplicativo e morador de Nilópolis, na Baixada Fluminense. Ele tinha uma rotina dedicada ao trabalho e à família. Com uma trajetória marcada pelo esforço, Paulo Roberto era casado, pai de dois filhos e avô de um menino. No momento do tiroteio, Paulo levava um passageiro quando foi atingido por uma bala que atravessou o vidro traseiro de seu carro, ferindo-o fatalmente na cabeça. Seu amigo, Júlio Cesar, expressou ao O Globo o choque com a perda. "Paulo Roberto era uma pessoa honesta e trabalhadora, que, como tantos outros, saía para trabalhar sem saber se voltaria para casa".

Geneilson Eustáquio Ribeiro, 49, era caminhoneiro e saiu de casa em Xerém, também na Baixada Fluminense, de manhã, após um último beijo na esposa, Rejane Alves. Conhecido pelo sorriso e pela disposição alegre, Geneilson trabalhava para sustentar sua família, composta por uma filha e um filho, segundo apuração de O Globo. No trajeto pela Avenida Brasil, foi surpreendido pelo confronto e baleado na cabeça enquanto dirigia seu caminhão. Ele chegou a ser levado ao Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo e, posteriormente, transferido para o Hospital Adão Pereira Nunes, onde passou por uma cirurgia, mas não resistiu.

Renato Oliveira, 48, estava a bordo de um ônibus da linha 493 (Central x Ponto Chic) quando foi atingido na cabeça durante o tiroteio. Natural do Rio de Janeiro, Renato era funcionário de um frigorífico e pegava ônibus regularmente para se deslocar pela cidade. Após o tiro, ele foi encaminhado para o Hospital Federal de Bonsucesso, onde recebeu atendimento emergencial, mas acabou falecendo devido aos ferimentos. Em entrevista ao RJTV, Adonias dos Santos, amigo de Renato, falou emocionado sobre o caso. "Ele estava dormindo e não viu. A gente sai para trabalhar e não sabe se vai voltar. Ele ia fazer um café da manhã no trabalho dele, estava levando refrigerante, mortadela, ficou tudo dentro do ônibus. Ele tem uma família, tem filhos, quem vai sustentar essas crianças agora?."

Quem são os feridos?

Três pessoas ficaram feridas no confronto, entre elas Alayde dos Santos Mendes, de 24 anos, atingida na coxa e que já recebeu alta do hospital. Outro ferido, que sofreu um tiro no antebraço, também foi liberado após tratamento. A terceira vítima, atingida na região dos glúteos, permanece internada no Hospital Federal de Bonsucesso.

Início do tiroteio

Na manhã de quinta-feira, 24, a Polícia Militar do Rio de Janeiro iniciou uma operação no Complexo de Israel, zona norte da cidade, com o objetivo de combater quadrilhas de roubo de cargas. Durante a ação, bandidos reagiram a tiros, levando pânico à população que transitava pela avenida Brasil, uma das principais vias da cidade. O confronto fez com que a avenida ficasse bloqueada por duas horas, com escolas e unidades de saúde suspensas, e até linhas de trem afetadas, segundo apurou o Estadão Conteúdo.

A ação contou com apoio de três batalhões, mas os policiais foram surpreendidos pelo poder de fogo dos criminosos, sob o comando do traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como "Peixão", líder do Terceiro Comando Puro (TCP), que controla a região da Cidade Alta. Segundo a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Alerj, o tiroteio é mais um reflexo da falta de segurança na cidade e do impacto negativo que operações como essa causam na vida dos moradores.

A avenida Brasil é palco constante de violência, registrando uma média de um tiroteio a cada dois dias, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado. Nos últimos oito anos, ocorreram mais de 1.500 confrontos armados ao longo dessa via, que percorre 26 bairros e é cercada por 70 favelas, muitas sob o domínio de facções criminosas e milícias.

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