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Motor do carro está 'fumando'? Solução de problema pode ser peça de R$ 30

Diafragma usado para evitar a saída de gases poluentes pode se romper e permitir entrada de óleo lubrificante na câmara de combustão - Reprodução/Instagram
Diafragma usado para evitar a saída de gases poluentes pode se romper e permitir entrada de óleo lubrificante na câmara de combustão Imagem: Reprodução/Instagram
do UOL

Wandick Donett

Colaboração para o UOL

24/10/2024 05h30

Você já deve ter visto pelas ruas alguns carros relativamente novos com perda de potência e aquela fumaceira característica de problemas graves no motor - cuja solução costuma ser a retífica, procedimento que pesa no bolso.

Contudo, a origem da fumaça pode ser queima de óleo, causada por uma simples peça que custa cerca de R$ 30 no mercado de reposição.

O mecânico Daniel Rodrigues, com mais de 580 mil seguidores no perfil @danieldicas.automotivas do Instagram, faz o alerta.

Em vídeo que até esta terça-feira (23) somava mais de 126 mil curtidas, ele explica que tal componente é o diafragma da tampa de válvula, uma peça que equipa diversos modelos de automóvel e pode ser encontrada por preços entre R$ 30 e R$ 60.

Como funciona o diafragma

Esse diafragma, feito de borracha e instalado sob a tampa de válvula do compartimento de óleo, serve para remover gases que escapam da câmara de combustão e ficam acumulados no cárter - esses gases, além de poluentes, causam danos ao propulsor.

O componente, que integra o chamado sistema de ventilação positiva do cárter, remove os gases nocivos do compartimento de óleo e o redirecionam para a câmara de combustão, onde são queimados juntamente com o combustível.

Quando se rompe, devido ao próprio tempo de uso ou fatores como combustível adulterado e lubrificante fora da especificação recomendada pela montadora, permite que resíduos de óleo, juntamente com o ar, passem para dentro do coletor de admissão, encharcando as velas e queimando juntamente com o combustível - causando a perda de potência e a fumaça no escapamento.

Especialistas ouvidos pelo UOL Carros confirmam o que é relatado no vídeo.

Erwin Franieck, presidente da SAE4 Mobility, afirma que "toda pressão residual do cárter, que vem do vazamento de pressão nos cilindros para o cárter precisa ser reabsorvido pelo motor na sua admissão".

"Assim, temos sistemas que controlam mecanicamente este fluxo de gases do escape para a admissão. Em muito casos, para evitar que este fluxo comprometa a marcha-lenta e situações de baixas cargas, essa membrana evita que estes gases comprometam as emissões e a qualidade da marcha lenta e acelerações leves".

Segundo ele, no caso do rompimento desta membrana o fluxo de gases do cárter fica muito elevado e acaba gerando a queima de óleo.

Fumaça saindo do escapamento de automóvel - Renato Stockler/Folhapress - Renato Stockler/Folhapress
Imagem: Renato Stockler/Folhapress

"O sistema com a válvula no cabeçote já passou por várias evoluções e esse diafragma tem se tornado um das melhores soluções de custo-benefício. Um motor novo, com uma boa vedação entre anéis, pistão e cilindro, não deveria gerar esta fumaça, mesmo com o diafragma furado. Porém um motor já com uma vedação comprometida irá ser mais sensível quando este diafragma estiver rompido", afirma.

Já Ludovico Pitucha, com 40 anos de chão de oficina, proprietário do Pitucha Centro Automotivo, diz que o procedimento é esse mesmo relatado no vídeo.

"Em alguns modelos, esse diafragma tem que ser trocado completo com a cápsula, não pode trocar só a borrachinha. Do contrário, continua o mesmo problema. No Chevrolet Cruze, por exemplo, o certo é trocar também a tampa de válvula".

"A mão de obra é mais cara do que a própria peça. Para eu trocar um diafragma, por exemplo, preciso de duas horas de serviço, o que dá cerca de R$ 500. O que ajuda a furar esse diafragma é o nosso combustível".

Pitucha conclui, alertando que, mesmo com a substituição da membrana, a fumaça costuma perdurar durante algum tempo, até que todo o óleo seja queimado.

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