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Metade dos muçulmanos da União Europeia sofre discriminação diariamente, diz relatório

24/10/2024 13h19

Metade dos muçulmanos que vivem na União Europeia (UE) afirma sofrer discriminação diariamente, segundo um relatório publicado quinta-feira (24). Uma situação que se agravou significativamente antes mesmo do "pico de ódio" causado pelos ataques do Hamas em Israel.

Os dados recolhidos mostram que é "cada vez mais difícil ser muçulmano na UE", a porta-voz da Agência Europeia dos Direitos Fundamentais (FRA), Nicole Romain.

Das 9.600 pessoas entrevistadas entre outubro de 2021 e outubro de 2022 em 13 países do bloco, quase uma em cada duas afirmou enfrentar racismo na sua vida cotidiana, em comparação com 39% em 2016, quando o estudo anterior foi realizado.

Desde 7 de outubro de 2023, estudos mostram "um pico de ódio contra os muçulmanos", alimentado pelo conflito no Oriente Médio, acrescenta Romain.

Em julho, este órgão da UE com sede em Viena também publicou um estudo sobre a "maré crescente de antissemitismo".

Campeões de racismo

A Áustria (71%) e a Alemanha (68%) são os dois países onde os muçulmanos mais se queixam de serem vítimas de racismo. A França se situa nos 39% e a Espanha e a Suécia apresentam os índices mais baixos.

Particularmente no mercado de trabalho e na busca de moradia, a pesquisa mostra uma "explosão" da discriminação. As mulheres que usam roupa religiosa estão mais expostas do que as que não usam e que os homens.

De acordo com este estudo, "os muçulmanos são alvo não só devido a sua religião, mas também pela cor de sua pele e de sua origem étnica ou por serem imigrantes".

"Quase metade deles acha que sua última detenção se deveu à discriminação racial ilegal". Eles também têm "três vezes mais probabilidade de abandonar a escola prematuramente do que a população em geral".

Apenas 6% denunciaram a discriminação sofrida ou prestaram queixa após um incidente, acreditando que não levaria a uma mudança real.

Recomendações

Diante destas conclusões "preocupantes", a FRA recomenda que a União Europeia tome previdência sobre racismo contra os muçulmanos, "agravado", segundo sua presidente Sirpa Rautio, "pela retórica desumanizante que observamos em todo o continente".

"Um dos aspectos mais alarmantes é a frequência destes fenômenos 'racistas' em nossas ruas, nas escolas e no trabalho", que estão hoje "quase normalizados" e "só podem enfraquecer o sentimento de segurança e pertencimento".

Os muçulmanos são o segundo maior grupo religioso da União Europeia, com 26 milhões de representantes, de acordo com as estimativas mais recentes do Pew Research Center, que datam de 2016, ou 5% da população total. A maioria reside na França e na Alemanha.

Este número "aumentou significativamente nos últimos anos porque as pessoas fogem de conflitos no Afeganistão, Iraque e Síria", afirma o relatório. O primeiro documento desse tipo foi acompanhado pela criação pela Comissão Europeia, do cargo de coordenador da luta contra o ódio contra os muçulmanos.

(Com AFP)

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