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Dólar sobe na contramão do exterior com percepção de risco após IPCA-15

24/10/2024 09h15

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha leve alta frente ao real nesta quinta-feira, na contramão das cotações da moeda norte-americana no exterior, à medida que investidores demonstravam cautela em uma sessão marcada pela divulgação de dados de inflação no Brasil acima do esperado e números sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos.

Às 9h56, o dólar à vista subia 0,23%, a 5,7064 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,47%, a 5,717 reais na venda.

Diferentemente das três últimas sessões, quando o dólar fechou quase estável no Brasil em meio a uma agenda macroeconômica esvaziada, investidores voltavam a analisar dados locais e vindos do exterior para avaliar a trajetória das taxas de juros globais e o estado da batalha contra a inflação.

Logo no início das negociações, o IBGE informou que a alta do IPCA-15 acelerou mais do que o esperado em outubro, a 0,54%, de um avanço de 0,13% no mês anterior. Economistas consultados pela Reuters projetavam um alta de 0,50%.

Em 12 meses, o índice foi a 4,47%, ante 4,12% em setembro, marca que aproxima a inflação brasileira do teto da meta perseguida pelo Banco Central de 4,50%.

"Principal fato do dia é a divulgação do IPCA-15, que veio mais alto do que se esperava", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

"O dado deve aumentar os receios de investidores de que a estabilização de preços no país esteja se enfraquecendo, reforçar a piora nas expectativas inflacionárias futuras para o Brasil, e manter a percepção de riscos elevados", acrescentou.

A percepção de risco podia ser melhor observada na curva de juros brasileira, com as taxas futuras em alta, principalmente para vencimentos de prazo mais longo.

Outro fator que têm gerado incômodo em investidores locais, a questão fiscal continua sendo um risco na visão de agentes financeiros, que aguardam o governo anunciar prometidas medidas de contenção de gastos a fim de cumprir as regras do arcabouço fiscal.

"A inflação não está sob controle por alguns fatores, dentre eles a ​incerteza fiscal. O governo ainda não apresentou um plano concreto de redução de gastos e o aumento da receita é limitado", avaliou Antônio Ricciardi, da GO Associados.

Com isso, o real ainda caminhava na contramão de seus pares nesta sessão, uma vez que o dólar cedia ante seus pares fortes e emergentes após os fortes ganhos acumulados nos últimos dias na medida que as atenções se voltavam para a eleição presidencial dos EUA.

O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,23%, a 104,200.

Entre emergentes, a divisa norte-americana recuava ante o rand sul-africano e o peso chileno e mantinha estabilidade contra o peso mexicano.

Na frente de dados externos, novos números dos EUA mostraram novamente a força do mercado de trabalho do país. Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram para 227.000 na última semana, ante 242.000 anteriormente, e ficaram abaixo da projeção de economistas de 242.000.

O resultado pode trazer nova força para o dólar nas próximas sessões, uma vez que reforça as perspectivas de um afrouxamento monetário gradual pelo Federal Reserve, o que impulsiona os rendimentos dos Treasuries.

A disputa pela Casa Branca ainda segue no radar, com analistas projetando que uma vitória do ex-presidente Donald Trump no pleito poderia prejudicar a moeda brasileira, já que suas promessas econômicas são consideradas inflacionárias, o que pode manter os juros altos nos EUA.

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