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Conferência em Paris arrecada US$ 1 bilhão em apoio humanitário e militar para o Líbano

24/10/2024 15h56

Uma conferência em Paris dedicada ao Líbano arrecadou cerca de US$ 800 milhões (cerca de R$ 4,5 bilhões) em ajuda humanitária para o país, nesta quinta-feira (24), mas pouco progresso diplomático foi feito para a paz na região, enquanto os combates entre Israel e Hezbollah continuam massacrando a capital e o sul do Líbano.

 

"No total, arrecadamos US$ 800 milhões em ajuda humanitária", disse o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Noel Barrot, aos participantes ao final da conferência.

Ele acrescentou que havia mais "US$ 200 milhões (R$ 1,1 bilhão) para as forças de segurança", totalizando "mais de um bilhão (...) com as contribuições mais recentes".

O total supera em muito a meta da França de € 500 milhões (R$ 3 bilhões) e os € 400 milhões (R$ 2,4 bilhões) originalmente solicitados pela ONU para o Líbano, onde Barrot afirmou que mais de 2.500 pessoas foram mortas e "quase um milhão" deslocadas devido aos combates, desde o final de setembro.

Israel lançou uma ofensiva terrestre contra o Hezbollah, grupo apoiado pelo Irã, no sul do Líbano, em 23 de setembro.

Progresso diplomático em Paris foi limitado

Embora houvesse repetidos apelos por um cessar-fogo, o progresso diplomático em Paris foi limitado pela ausência de representantes de nações importantes, como Israel e Irã, enquanto os Estados Unidos estavam representados apenas pelo vice do secretário de Estado, Antony Blinken.

Ministros e autoridades de mais de 70 países e organizações internacionais, incluindo a União Europeia e o primeiro-ministro libanês interino, Najib Mikati, participaram da conferência nesta quinta-feira.

"Conseguimos arrecadar à altura da situação" em apoio financeiro, disse Barrot aos participantes, com investimentos significativas, incluindo € 100 milhões (R$ 616 milhões) da França, € 95 milhões (R$ 585) da Alemanha e pelo menos € 17 milhões (R$ 104 milhões) do Reino Unido.

Solução diplomática necessária

No entanto, "não podemos nos limitar a uma resposta humanitária e de segurança. Temos que promover uma solução diplomática", acrescentou Barrot.

A França, que tem laços históricos com o Líbano e abriga uma grande comunidade libanesa, está pressionando, junto com os EUA, por um cessar-fogo de 21 dias para dar espaço para encontrar uma trégua mais duradoura.

Paris deseja um retorno à Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que selou o fim da última guerra entre Israel e Hezbollah em 2006.

"A guerra deve terminar o mais rápido possível, deve haver um cessar-fogo no Líbano", disse o presidente francês Emmanuel Macron, ao lado do premiê libanês Mikati.

O chefe do governo libanês, por sua vez, fez um apelo à "comunidade internacional para se unir e apoiar os esforços para implementar um cessar-fogo imediato".

Além de estipular que as únicas forças armadas na fronteira do Líbano com Israel devem ser os capacetes azuis da ONU e o Exército libanês, a resolução afirma que nenhuma força estrangeira deve entrar no Líbano sem o consentimento do governo.

Por isso, os participantes prometeram apoio às tropas libanesas, com Macron afirmando que Paris "contribuirá para equipar o Exército libanês".

Deslocamento em massa

Em videoconferência, o secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, também pediu aos participantes que "fortalecessem seu apoio às instituições estatais do Líbano, incluindo as forças armadas libanesas".

O Hezbollah deve "parar suas provocações e ataques indiscriminados" contra Israel, disse Macron.

Embora Israel tenha eliminado líderes do Hezbollah nas últimas semanas, ele "sabe pela experiência que seus sucessos militares não representam necessariamente uma vitória no Líbano", afirmou o presidente francês.

A guerra deslocou um milhão de pessoas no país, matou mais de 2.500 e aprofundou uma devastadora crise econômica.

A Organização Internacional para Migração afirma que muitos libaneses se encontram agora em abrigos superlotados, enquanto outros fugiram para a Síria.

"Qualquer coisa que não leve a um fim imediato da destruição e dos assassinatos tornaria esta cúpula um fracasso", disse Bachir Ayoub, chefe da Oxfam no Líbano, antes do término da conferência.

Desrespeito

A Oxfam foi uma das mais de 150 organizações de ajuda a denunciar na quinta-feira "o desrespeito flagrante pelo direito internacional por parte da comunidade internacional" em relação às ações militares de Israel em Gaza, na Cisjordânia e no Líbano.

O chefe do Programa de Desenvolvimento da ONU, Achim Steiner, alertou que a economia do Líbano "está começando a colapsar sob a pressão deste conflito", prevendo uma contração de mais de 9% este ano, se a guerra continuar.

Isso pode dificultar os esforços para fortalecer as instituições do Líbano e, especialmente, suas forças armadas "para preservar a unidade, a estabilidade e a soberania do país", segundo Barrot.

"A Resolução 1701 continua sendo a pedra angular da estabilidade e segurança no sul do Líbano", disse Mikati, reafirmando a visão da França.

(Com agências)

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