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Atentado na Turquia seria tentativa de sabotar reconciliação com o PKK, suspeita oposição

24/10/2024 11h21

O ataque de quarta-feira (23) na Turquia ainda não foi reivindicado, mas ocorre no momento em que as esperanças de paz com os curdos pareciam renascer. Na ocasião, cinco pessoas morreram após "um grupo de terroristas" atacar a sede das indústrias de defesa perto de Ancara, que responsabilizou o PKK. Pelo menos 12 pessoas morreram na Síria em bombardeios turcos nesta quinta-feira (24) como retaliação pelo atentado em Ancara. As forças turcas também atingiram alvos no Iraque.

Além das mortes, o ataque terrorista na quarta-feira em Ancara deixou 22 feridos, segundo o último balanço. O governo turco responsabiliza os combatentes curdos e anunciou que, durante a noite, atacou 32 alvos do PKK e de seus aliados no norte do Iraque e na Síria.

Se o envolvimento do Partido dos Trabalhadores do Curdistão, o PKK, se confirmar, o atentado em Ancara ocorre em um momento muito particular, segundo informações de Anne Andlauer, correspondente da RFI em Ancara. Nas últimas semanas, responsáveis políticos do alto escalão turco deixaram entrever que as autoridades estavam prontas para retomar as negociações com o partido.

Dirigente do PKK recebeu visitas na prisão

Na véspera do ataque, o líder do partido ultranacionalista MHP, um aliado do presidente Erdogan, surpreendeu a todos ao mencionar a possibilidade da libertação do dirigente do PKK, Abdullah Öcalan, desde que ele anunciasse perante o Parlamento a dissolução de sua organização, que está em guerra contra o Estado turco há quarenta anos.

Segundo o diário Hürriyet, Abdullah Öcalan foi autorizado a receber um visitante na quarta-feira - seu sobrinho, o deputado Ömer Öcalan - uma primeira visita em mais de três anos e meio.

O líder histórico curdo do PKK se encontra detido em isolamento desde 1999 na ilha-prisão de Imrali, no mar de Mármara, ao sul de Istambul.

"Nosso último encontro cara a cara com Abdullah Öcalan ocorreu em 3 de março de 2020. Como família, encontramos Öcalan apenas alguns anos depois, em 23 de outubro de 2024", anunciou no X Ömer Öcalan, deputado do principal partido pró-curdo no Parlamento, o DEM (ex-HDP), confirmando as informações da imprensa turca.

Após o atentado, a maioria das reações apontava uma tentativa de sabotagem desses esforços de paz.

O partido pró-curdo no Parlamento, o DEM, considerou que o "timing era significativo" e falou de "provocação". O ex-líder preso do partido, Selahattin Demirtas, denunciou aqueles que "tentam romper, com sangue, a busca por uma solução política."

Ataque na Síria

As forças curdas anunciaram nesta quinta-feira (24) a morte de 12 civis em bombardeios turcos contra o norte e leste da Síria. Esses são os últimos de uma série de ataques, que também incluíram o Iraque, com os quais a Turquia respondeu ao atentado perto de Ancara, do qual responsabilizou o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

As Forças Democráticas Sírias, braço armado da administração curda no país, informaram sobre os 12 mortosfsabo nos bombardeios, que deixaram também mais de 20 feridos. Segundo seu comunicado, os ataques foram realizados com aviões e drones e também atingiram áreas civis, como padarias, centrais elétricas e instalações petrolíferas.

Na quarta-feira, a Turquia lançou uma ofensiva contra milicianos curdos no Iraque e na Síria, após um atentado com explosivos em frente à sede das indústrias de defesa perto de Ancara, que deixou cinco mortos e 22 feridos. As autoridades turcas apontaram o PKK como "provável" responsável pelo atentado.

A rede de televisão NTV informou que o ataque foi perpetrado por "um grupo de terroristas". Um deles detonou os explosivos que carregava em frente a um prédio. Após a explosão, houve um tiroteio que durou mais de uma hora.

"Terrorista"

O atentado não foi reivindicado, mas como retaliação, pouco antes da meia-noite, o ministério do Interior anunciou que havia bombardeado 32 alvos do PKK e seus aliados no norte do Iraque e na Síria.

O PKK é classificado como "terrorista" pela Turquia, mas também por seus aliados ocidentais, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia. Seus integrantes lutam em uma insurgência contra o Exército turco desde 1984.

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