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Tribunal na Groenlândia prorroga detenção do ativista ambiental Paul Watson por 3 semanas

23/10/2024 14h46

Um tribunal na Groenlândia prorrogou nesta quarta-feira (23) a detenção do ativista ambiental e fundador da organização Sea Shepherd de defesa dos Oceanos, Paul Watson, por mais três semanas, aguardando uma decisão sobre sua possível extradição para o Japão, onde é procurado por uma altercação com baleeiros, os barcos que caçam baleias.

A decisão do tribunal da Groenlândia nesta quarta-feira (23) marca a quarta prorrogação da detenção de Watson desde que ele foi preso em julho em Nuuk, a capital do território autônomo dinamarquês.

"O tribunal na Groenlândia decidiu hoje que Paul Watson continuará detido até 13 de novembro de 2024, a fim de garantir sua presença em relação à decisão sobre a extradição", disse a polícia da Groenlândia em comunicado.

A polícia acrescentou que Watson havia apelado imediatamente da decisão.

Antes da audiência, a advogada de Watson, Julie Stage, destacou que sua equipe pediria a liberação imediata dele, acrescentando que "infelizmente, realisticamente, isso pode não acontecer."

Stage também afirmou que estava preparando um recurso a ser apresentado ao Supremo Tribunal da Dinamarca sobre a decisão anterior do tribunal de Nuuk, que, em 2 de outubro, decidiu manter Watson, de 73 anos, em custódia.

O ativista foi preso em 21 de julho, quando seu navio, o John Paul DeJoria, atracou para reabastecer em Nuuk, a caminho de "interceptar" um novo navio japonês de caça a baleias no Pacífico Norte, de acordo com a Captain Paul Watson Foundation (CPWF).

Ele foi detido com base em um mandado de prisão japonês de 2012, que o acusa de causar danos a um navio baleeiro na Antártica em 2010, e de ferir um baleeiro.

Watson, que participou da série de televisão "Whale Wars", fundou a Sea Shepherd e a CPWF, sendo conhecido por suas táticas arriscadas, incluindo confrontos com navios baleeiros no mar.

"Tratamento desumano"

Em um raro comentário público sobre o caso, o ministro das Relações Exteriores do Japão, Takeshi Iwaya, afirmou recentemente que o pedido de extradição era "uma questão de aplicação da lei no mar, e não uma questão de caça às baleias".

Tóquio acusa Watson de ferir um membro da tripulação japonesa com uma bomba de mau cheiro, destinada a interromper as atividades dos baleeiros, durante um confronto com o navio Shonan Maru 2, em 11 de fevereiro de 2010.

Os advogados de Watson insistem que ele é inocente e afirmam ter gravações em vídeo que provam que o membro da tripulação não estava no convés quando a bomba de mau cheiro foi lançada.

O tribunal de Nuuk se recusou a ver o vídeo.

As audiências de custódia tratam exclusivamente da detenção de Watson, enquanto o pedido de extradição está sendo analisado pelo ministério da Justiça da Dinamarca.

Em setembro, os advogados de Watson entraram em contato com o relator especial da ONU sobre defensores do meio ambiente, afirmando que ele poderia ser "submetido a tratamento desumano" em prisões japonesas.

Protestos em Paris

Watson vivia na França no momento de sua prisão e escreveu ao presidente francês Emmanuel Macron pedindo asilo político.

Enquanto isso, a conservacionista britânica Jane Goodall disse na semana passada que esperava que a França aceitasse seu pedido, chamando-o de "homem corajoso".

À medida que a audiência de Watson começava nesta quarta-feira, várias dezenas de apoiadores se manifestaram em frente à Prefeitura de Paris, gritando "Libertem Paul Watson" e segurando cartazes com as inscrições "Um herói não pertence à prisão" e "Salvar baleias não é um crime".

Funcionários franceses já solicitaram a Copenhague que não o extraditasse, mas afirmaram que oferecer asilo é complicado, pois a pessoa deve estar na França para apresentar um pedido.

O Japão, a Noruega e a Islândia são os únicos três países que ainda permitem a caça comercial de baleias.

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