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EUA consideram que 'chegou o momento' de pôr fim à guerra em Gaza

23/10/2024 15h43

O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, afirmou nesta quarta-feira (23) que chegou "o momento" de acabar com a guerra em Gaza e pediu a Israel que evite "uma escalada maior" com uma possível retaliação ao ataque de mísseis iranianos. 

Após a visita oficial a Israel, Blinken continuou sua turnê em Riade, visando conter a escalada militar na região, um mês após o início da guerra no Líbano entre Israel e o Hezbollah

No sul do Líbano, muitas famílias fugiram de Tiro, alvo de ataques nesta quarta-feira, após um chamado do Exército israelense para evacuar bairros dessa cidade costeira de cerca de 14.500 habitantes. 

"A situação é muito ruim, estamos evacuando todo mundo", disse Mortada Mhanna, que dirige o centro de gerenciamento de crise local. 

A visita de Blinken à região é a décima primeira desde o início da guerra na faixa de Gaza, que se espalhou em setembro para o Líbano, enquanto todas as tentativas de mediação internacional por um cessar-fogo falharam.

"Meses de combates"

Blinken considerou nesta quarta-feira que "o momento" chegou para acabar com a guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023. Segundo ele, Israel alcançou "a maioria de seus objetivos estratégicos" no território palestino, "com a ideia de garantir que o 7 de outubro nunca mais possa acontecer". 

Após esse ataque, Israel prometeu destruir o Hamas, que está no poder em Gaza desde 2007. 

Na terça-feira (22), Blinken avaliou que a morte de Yahya Sinouar, líder do Hamas morto por soldados israelenses em 16 de outubro, oferecia uma "oportunidade importante de trazer de volta os reféns" levados para Gaza em 7 de outubro e de "encerrar a guerra". 

Representante do Hamas em Moscou

Uma fonte do Hamas também informou que um alto funcionário do movimento islâmico palestino chegou nesta quarta-feira a Moscou para discutir o "fim" da guerra. 

O secretário de Estado norte-americano também pediu na terça-feira a Israel que facilitasse a entrada de ajuda humanitária na faixa de Gaza sitiada, mencionando "progresso" nesse sentido que considerou insuficiente. 

No entanto, uma fonte de segurança afirmou na quarta-feira que o Exército israelense estava preparado para mais "meses de combates" em Gaza e no Líbano. Israel não estaria "em guerra contra Gaza, nem em outra guerra contra o Líbano", mas "em guerra contra o Irã, às vezes diretamente, às vezes indiretamente, através dos aliados do Irã", acrescentou essa fonte. 

Blinken considerou "muito importante que Israel responda de uma forma que não crie uma maior escalada", enquanto o Irã se diz determinado a retaliar em caso de ataque israelense após o lançamento de 200 mísseis iranianos contra seu território em 1º de outubro. 

Antes de chegar a Riade, onde foi recebido pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, o chefe da diplomacia americana pediu a Israel que aproveitasse a "oportunidade incrível" de normalizar suas relações com a Arábia Saudita. Ele deve viajar na quinta-feira para o Catar.

Campanha de vacinação contra a poliomielite adiada

Na faixa de Gaza, a Organização Mundial da Saúde adiou uma campanha de vacinação contra a poliomielite que deveria começar no norte do território, onde as Forças Armadas israelense realiza uma nova ofensiva contra o Hamas desde 6 de outubro. 

Ela invocou "bombardeios intensivos e ordens de deslocamento maciço" da população. Segundo a Defesa Civil, um ataque matou quatro pessoas nesta quarta-feira em Gaza. 

A agência da ONU para os refugiados palestinos (Unrwa) também anunciou a morte de um de seus funcionários palestinos em um ataque em Khan Younes, no sul do território palestino. 

A ofensiva israelense lançada em Gaza em represália ao ataque de 7 de outubro de 2023 matou pelo menos 42.792 palestinos, a maioria civis, de acordo com dados do ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU. 

Em Israel, o ataque resultou na morte de 1.206 pessoas, a maioria civis, segundo um levantamento da AFP com base em dados oficiais israelenses, incluindo reféns mortos ou que morreram em cativeiro. 

Das 251 pessoas sequestradas, 97 permanecem reféns em Gaza, das quais 34 foram declaradas mortas pelo exército.

"À beira do colapso"

No Líbano, o exército israelense continuou nesta quarta-feira os bombardeios aéreos no sul e no leste do país, dois redutos do Hezbollah, segundo a agência de notícias libanesa ANI, assim como suas operações em terra no sul do Líbano, lançadas em 30 de setembro. 

"O Líbano está à beira do colapso", alertou em Beirute a chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, na véspera de uma conferência internacional sobre o país em Paris. 

Israel afirma que quer neutralizar o Hezbollah no sul do Líbano, na fronteira com seu território, e permitir o retorno ao norte de Israel de 60.000 habitantes deslocados pelos constantes disparos de foguetes desde um ano. 

Embora enfraquecido, o Hezbollah reivindica diariamente disparos de foguetes contra Israel e afirmou ter atingido na quarta-feira uma base militar perto de Tel Aviv, no centro do país, e duas outras perto de Haifa, no norte. 

O Hezbollah confirmou na quarta-feira a morte em um ataque israelense de Hachem Safieddine, sucessor previsto à frente do movimento chiita de Hassan Nasrallah, que foi morto na periferia sul de Beirute em 27 de setembro. 

Pelo menos 1.552 pessoas foram mortas no Líbano desde o início da campanha de bombardeios aéreos israelenses em 23 de setembro, de acordo com um levantamento da AFP com base em dados oficiais. 

A ONU contabilizou cerca de 800.000 deslocados no país, e segundo as autoridades libanesas, quase 500.000 pessoas fugiram para a Síria. 

Um diplomata ocidental afirmou nesta quarta-feira que um desdobramento de forças internacionais no sul do Líbano ao lado do Exército libanês foi mencionado por países ocidentais como uma possibilidade em caso de cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah.

(Com AFP)

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