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Em meio a especulações sobre morte de Liam Payne, fãs continuam homenagens em buenos Aires

23/10/2024 09h49

Ao completar-se uma semana da repentina morte do ex-integrante do One Direction, fãs sofrem com as informações extraoficiais sobre abuso de drogas, prostituição e queda inconsciente. Fazem homenagens pelo sétimo dia de ausência, enquanto a Justiça tenta estabelecer a causa mortis cuja indefinição impede o pai de repatriar o corpo e enterrar o filho.

 

Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

O sétimo dia desde a morte de Liam Payne vai atrair, nesta quarta-feira (23), uma nova peregrinação de fãs à porta do hotel, em frente à qual um santuário cresce repleto de cartas, flores, velas e mensagens de carinho para amenizar a dor de uma perda em circunstâncias que os admiradores tentam assimilar e a Justiça ainda tenta esclarecer.

"A notícia de consumo de drogas me surpreendeu completamente. Embora seja conhecido que, no mundo da música no qual ele estava, as drogas sejam algo corrente, eu não esperava esse estilo dele, não vindo dele. Não esperava que terminasse nessa situação tão grave", desabafa à RFI, à porta do hotel, a estudante de Direito, Ariana Frutos, de 23 anos.

"Dói muito saber que ele não teve a ajuda necessária para continuar", lamenta.

Desde que o cantor caiu do terceiro andar há uma semana, os fãs chegam em número crescente. Não importam as informações sobre abuso de drogas, uso de serviços de prostituição e comportamento agressivo. Por aqui, centenas de fãs, em constante vigília, consolam-se uns aos outros e dizem representar as brasileiras.

"Daqui, todas as meninas, as 'directioners' mandamos um abraço às brasileiras que sentem e que sabem pela dor que estamos passando. Muitas de nós ainda não conseguimos acreditar que foi embora quem marcou muito as nossas infâncias, as nossas adolescências. Eu mando um abraço às brasileiras e que sejam fortes como tentamos ser as que estamos aqui", solidariza-se Abril Centurión, de 24 anos, aproveitando a reportagem da RFI.

Comovida com o trágico desenlace, Abril também interpreta que a morte de Liam Payne serve de alerta para a questão da saúde mental que afeta, invisivelmente, muitas pessoas no dia a dia, incluindo a si mesma como alguém que sofreu um quadro de depressão.

"Se alguém conhece uma pessoa que esteja atravessando uma situação difícil, não a deixem sozinha. Escutem-na porque, às vezes, as batalhas internas que enfrentamos conosco mesmos e que as demais pessoas não veem são as mais difíceis. Talvez não possamos resolver a vida dessa pessoa, mas, com uma palavra de apoio, com um abraço, vamos poder fazer com que não se sintam sozinhos. A depressão é muito difícil de ser enfrentada. A questão da saúde mental é muito delicada", pede.

Corpo retido

As informações que circulam sobre um coquetel de drogas que Liam Payne teria consumido não são oficiais. Os exames toxicológico e histopatológico só ficarão prontos dentro de alguns dias. Não antes do final de semana, mas, provavelmente, na próxima semana.

Só depois que a causa da morte for cientificamente comprovada, o pai de Liam, Geoff Payne, desde sexta-feira (18) aqui em Buenos Aires, poderá repatriar o corpo e enterrar o filho.

A Justiça quer saber quem forneceu a droga que teria provocado um surto no artista. A suspeita aponta para funcionários do hotel.

Veículos de comunicação dos Estados Unidos como TMZ e ABC News informaram que, segundos exames preliminares, Liam Payne consumiu cocaína rosa, benzodiazepina e crack.

A cocaína rosa é uma droga sintética com componentes alucinógenos como metanfetamina, ecstasy e ketamina, um poderoso anestésico que, em altas doses, leva a pessoa a perder a noção do tempo e do espaço.

Reforçam a versão de consumo dessas drogas o papel alumínio e o isqueiro encontrados no quarto do cantor. São elementos usados para misturar as drogas.

O site argentino Infobae não aponta para cocaína rosa, mas para cocaína que teria sido detectada durante a autópsia.

"Os exames complementares da autópsia não foram concluídos. Os resultados são necessários para discernir sobre a entrega do corpo. A Promotoria ainda não tem conhecimento de outros exames nem de outras análises de laboratório. Também não divulgou nenhum tipo de relatório técnico específico", esclareceu, em nota, a Promotoria, diante das diversas versões.

Impacto na vida pessoal dos fãs

Segundo a Promotoria, tudo indica que Liam Payne teve "um surto devido ao abuso de drogas" e "caiu inconsciente", sofrendo "25 lesões e hemorragia interna e externa".

"Essa perda me chocou muito porque eu estou sofrendo um quadro de depressão. Quando estava reunindo forças para sair, recebi esta notícia que fez o meu mundo vir abaixo. Não quis comer, durmo mal e choro há uma semana. Não consigo superar essa perda que sinto como pessoal", descreve à RFI a estudante Serena Gómez, de 21 anos.

O estudante Jakob Timmerman, de 16 anos, tem outra forma de encarar a perda do seu ídolo. Jakob é norte-americano, mas mora no Brasil. De passagem por Buenos Aires, vê uma mensagem na morte de Liam Payne, de apenas 31 anos de idade.

"A mensagem que deixa em mim é que as drogas são muito ruins. Muito ruins para todos, incluindo os famosos como o Liam. É triste esse final. Agora eu sei que não as posso consumir", aponta numa conversa com a RFI.

Nestas horas, são analisadas informações do celular e do computador de Liam Payne, as câmeras de segurança do hotel e os depoimentos de diversas testemunhas na tentativa de reconstruir as últimas horas do artista.

Comportamento normal

Duas dessas testemunhas foram garotas de programa que Liam contratou nesse mesmo dia. Através de um site que oferece serviços de prostituição, escolheu uma de 27 anos; outra, de 30. Não se conheciam entre si. São mães solteiras da periferia empobrecida de Buenos Aires.

As duas declararam na Justiça que só beberam álcool e que não houve consumo de drogas ilícitas. Também que Liam Payne não quis pagar pelo serviço sexual.

Em entrevista ao canal argentino Todo Noticias, a fã Daiana Gauna estava com outras três de amigas que conseguiram ver Liam Payne com vida apenas duas horas antes da queda. Eram 15h, quando Payne chamou o grupo de fãs que tentava encontrá-lo desde aquela manhã do dia 16 de outubro. Tiveram uma conversa de, aproximadamente, 15 minutos no saguão do hotel.

O cantor morreria entre 17h04, quando o chefe da recepção telefonou para o serviço de emergência, e 17h11, quando a Polícia e uma ambulância chegaram.

"Quando soube que ele tinha falecido, entrei em choque. Ele estava bem. Ao contrário do que dizem na televisão e nas redes sociais, ele não estava nem agressivo, nem alcoolizado. Estava bem. Conversou conosco e contou-nos coisas sobre o seu dia a dia em Buenos Aires", afirmou Daiana.

"Queremos justiça. Não queremos que continuem a dizer coisas falsas nas redes sociais. Ele não se jogou. Ele não pulou. Alguém o empurrou", garantiu.

A Justiça determinou que o pai de Liam Payne tenha segurança policial e indicou que, devido à alta exposição pública, os resultados das investigações serão informados primeiro à família, depois, somente através dos canais institucionais do Ministério Público.

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