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Imprensa francesa diz que Putin vai usar cúpula dos Brics para promover 'cruzada antiocidental'

22/10/2024 08h23

Os jornais franceses desta terça-feira (22) analisam as intenções do presidente russo, Vladimir Putin, por trás da cúpula do Brics. O evento é realizado nos três próximos dias na cidade de Kazan, no sudoeste da Rússia, reunindo cerca de 20 dirigentes dos chamados países emergentes e nações parceiras.

 

"Putin quer recrutar o Brics para sua cruzada antiocidental" é o título de uma matéria no jornal Le Figaro, que evoca "interesses contraditórios" do líder russo. Para o diário, há um "límpido sinal" do líder russo na construção de uma aliança política para fazer frente à dominação da economia e a geopolítica mundial pelos Estados Unidos e a Europa. 

Para isso, a propaganda em torno do evento é ostentatória, diz Le Figaro: o Kremlin apresenta a cúpula como "o evento diplomático mais importante já organizado na Rússia". A matéria destaca a ausência de Lula, após o acidente doméstico sofrido no sábado (19), e lembra que além dos líderes do Brics inicial - o presidente da China, Xi Jinping, da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, chefes de Estado e de governo de países que aderiram esse ano ao bloco marcarão presença. É o caso do presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, do Irã, Massoud Pezechkian, e do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed.

Para o jornal Les Echos, a grande quantidade de dirigentes nesta cúpula do Brics é uma prova de "Putin não está isolado". O diário destaca a opinião de especialistas consideram que o evento será sem dúvida considerado um sucesso para Putin e uma prova que as potências ocidentais não conseguem afastá-lo do cenário político internacional. 

O diário avalia que as nações "emergentes" apresentam uma dinâmica maior em termos de crescimento econômico em comparação com os países do G7, o que lhes confere uma importância notável no cenário internacional. Não é à toa que outros candidatos "batem à porta" do bloco, como a Turquia, o Vietnã, a Tailândia, a Nigéria, entre outros.

Guerra na Ucrânia

O jornal Le Monde aborda a guerra na Ucrânia como pano de fundo da cúpula do Brics, que acelera o uso do yuan, a moeda chinesa, e contorna o domínio do dólar. O diário lembra que como a Rússia é alvo de sanções americanas e europeias, ela se abastece de bens - como smartphones e veículos - originários da China. Já Pequim continua a comprar massivamente combustíveis do aliado, a tal ponto que a metade das exportações de petróleo russo vai parar em território chinês. As trocas são praticamente todas efetuadas em yuan, revela o Le Monde.

Segundo a matéria, a luta contra a predominância dos Estados Unidos no mercado financeiro será um dos assuntos da cúpula, onde os diplomatas russos e chineses devem fazer a promoção de outras moedas e defender uma reforma do sistema financeiro internacional. Le Monde destaca que a economia chinesa é hoje a segunda maior do planeta, e o uso do yuan fica atrás da moeda americana, do euro e da libra britânica. 

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