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Empreendedora brasileira lança em Paris livros sobre "wollying", o bullying entre mulheres

22/10/2024 10h47

A empreendedora e escritora Katia Teixeira lança em Paris seus dois novos livros dedicados ao tema do "wollying", uma forma de bullying praticado por mulheres contra mulheres. As obras discutem como esse comportamento afeta profundamente as relações pessoais e profissionais, destacando suas implicações na saúde mental e na falta de oportunidades para as mulheres no ambiente corporativo. A autora propõe um olhar reflexivo sobre o impacto psicológico e social desse fenômeno, enfatizando a necessidade de diálogo e conscientização para combatê-lo.

Katia Teixeira, conhecida por seu trabalho com mulheres empreendedoras, compartilhou reflexões sobre um tema complexo e pouco conhecido: o bullying entre mulheres, denominado wollying. Ela apresenta em Paris um livro solo e um colaborativo, abordando histórias reais de mulheres que viveram essa experiência. 

Sua coletânea Quais de mim você procura? reúne 50 relatos reais de mulheres que viveram o wollying, enquanto seu livro solo, Wollying: Que Negócio é Esse, Mulher?, traz uma abordagem mais aprofundada, com a contribuição de psicólogos e cientistas sociais.

A empreendedora expressou sua satisfação em poder trazer ao debate público esse tema ainda pouco conhecido: "Esse tema é contundente no mundo todo e importante de ser dito por conta das causas que ele gera", ressalta.  A autora esclarece que o termo wollying resulta da combinação de duas palavras em inglês, "woman" e "bullying", destacando que esse tipo de violência muitas vezes é inconsciente, fruto de séculos de rivalidade e opressão.

Ela enfatiza que o bullying entre mulheres pode ter consequências devastadoras, comparando-o com a violência psicológica que ocorre em relacionamentos abusivos. Segundo ela, o wollying pode levar desde a exclusão social até a depressão severa e até, em casos extremos, ao suicídio.

O impacto no ambiente corporativo também é destacado por Katia diante da constatação de que falta apoio entre mulheres nos espaços de trabalho. Ela afirma que a promoção de homens em detrimento de mulheres é uma realidade frequente: "A própria mulher não promove outra mulher. Se ela tiver que promover, às vezes, escolhe um homem com menos habilidades. Isso acontece muito no mundo corporativo de forma efetiva".

Esse cenário contribui para a perpetuação de desigualdades, minando as chances de mulheres alcançarem posições de liderança. "Não existe mais motivos para que uma mulher não apoie outra mulher", afirma. 

No entanto, Katia alerta que esse comportamento não se restringe ao mundo profissional. Nas relações pessoais, ele se manifesta por meio de exclusão social, comentários depreciativos e a criação de "grupinhos" que desvalorizam mulheres que pensam ou agem de forma diferente. "Você começa a ser rechaçada e excluída para 'happy hour' com as amigas, por exemplo. Começa a ouvir que tal roupa não cai bem, que você é gorda. E você percebe que há intencionalidade em te descredenciar"', explica.

Resistência das empresas 

Katia também menciona a pesquisa da Universidade de Harvard, que revelou que homens casados tendem a ser mais felizes, enquanto as mulheres encontram maior felicidade em seus grupos de amigas. Essa constatação torna o wollying ainda mais perturbador: "Se a amizade entre mulheres é uma fonte de felicidade, o que acontece quando uma mulher prejudica outra?"

A resistência das empresas em abordar o tema foi outro ponto levantado pela escritora. "Muitas preferem negar que isso ocorre em seus espaços," afirma Katia, revelando a necessidade de um esforço coletivo para quebrar o silêncio em torno dessa questão. 

Katia Teixeira finaliza com um apelo para maior conscientização e ações concretas: "Precisamos conceituar de forma correta para expandir a consciência das pessoas. Somente assim poderemos enfrentar o wollying e criar um ambiente de apoio mútuo entre as mulheres."

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